O Laboratório Central do Paraná (Lacen) é o primeiro laboratório de saúde pública do Brasil livre de experimentação animal, segundo anúncio do Ministério da Saúde. O método de pesquisa anterior permitia a verificação de raiva com a utilização de camundongos, agora a técnica é feita in vitro pesquisando o material genético do vírus diretamente do tecido. A mudança no processo gera uma economia de mais de R$ 235 mil/ano.
A conquista foi oficializada em Brasília na 16ª edição da Mostra Nacional de Experiências Bem-Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças (Expoepi).
O Lacen, vinculado à Secretaria de Estado da Saúde, recebeu o primeiro lugar pela melhor experiência na área: enfrentamento das doenças negligenciadas ou em eliminação como problema da saúde pública, com o trabalho “QPCR em substituição à Prova Biológica para o diagnóstico da raiva animal: uma contribuição à Saúde Pública, à Saúde do trabalhador e ao bem-estar animal”, de autoria de Irina Riediger, chefe da Divisão dos Laboratórios de Epidemiologia e Controle de Doenças (DVLCD).
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“É a primeira vez que o Lacen é contemplado com a primeira colocação neste evento promovido pelo Ministério da Saúde”, disse o secretário de Estado da Saúde, Beto Preto. Segundo ele, é o reflexo do constante trabalho desenvolvido pelos profissionais da área em inovarem e avançarem em tecnologias que beneficiem a população paranaense e sirva de modelo para os demais Estados.
Irina Riediger explicou que utilizou essa nova técnica e reduziu os custos em 60% e o tempo em 80% para liberação de resultados de cada amostra, baixando agora de 26 dias para em média quatro dias, e dependendo da situação é possível resultados em menos de 24 horas. “Com a prova biológica não é possível fazer isso porque depende do desenvolvimento da doença pelo animal de experimentação, que é de pelo menos uma semana”.
Os profissionais de saúde que anteriormente precisavam ficar mais expostos ao material potencialmente contaminado, correm menos riscos com essa metodologia. “Diminuímos significativamente os riscos para a saúde do trabalhador que precisava ter um contato mais direto com as amostras suspeitas de raiva manipuladas no laboratório. Isso é um ganho muito grande para a saúde dos colaboradores, saúde pública e bem-estar animal”, afirmou.
PROCESSIVIDADE – Enquanto o laboratório trabalhava com a prova biológica era possível processar no máximo dez amostras por dia, em média 200 por mês. Atualmente, com essa mudança de tecnologia, o aumento foi de aproximadamente nove vezes mais, tendo agora a capacidade instalada para processar até 90 amostras por dia (cerca de 1800 ao mês).
LACEN – Completando 125 anos de história no dia 21 de dezembro, o Lacen é o segundo laboratório mais antigo do Brasil. Para manter essa excelência, os profissionais do laboratório estão em constante treinamento e capacitações e trabalham com equipamentos de última geração na realização de centenas de exames e análises. Em 2019, até agora, aproximadamente R$ 6 milhões já foram investidos.
EXPOEPI - A Expoepi foi criada em 2001 para divulgar e premiar os serviços de saúde do SUS em todo o país que se destacaram pelos resultados alcançados em atividades de vigilância, prevenção e controle de doenças e outros agravos de importância para a saúde pública.
O evento, que é reconhecido como um dos mais importantes de vigilância em saúde do país, reuniu cerca de dois mil gestores e profissionais que atuam em serviços do Sistema Único de Saúde (SUS) além de estudantes.
Ainda nesta edição, a enfermeira e chefe da Divisão do Centro de Informações Estratégicas e Respostas de Vigilância em Saúde da Secretaria, Laurina Setsuko Tanabe, recebeu a premiação em segundo lugar na categoria de amostra “Área 10: Vigilância e Gestão das Emergências em Saúde Pública”, com o trabalho “Implantação do Centro de Operações de Emergência em Saúde (COES) no Estado do Paraná: estratégia para o enfrentamento do surto de febre amarela no ano de 2019”.
Aen PR