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A cura que machuca

21/09/19 às 14:52 - Escrito por Sara Presoto
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Estou com uma tosse que não passa há cerca de 15 dias. Já tomei de tudo. Fui ao médico, tomei remédios, xaropes (caseiros e de farmácia), fiz inalação, dormi com umidificador, bebi muita água. Até remédios caseiros, chás (sou dessas). Enfim, tentei de tudo, mas nada pareceu-me curar a tal tosse.

Investigando mais a fundo, conclui que pudesse ser uma tosse de fundo emocional. Afinal, quantos sapos já não nos ficaram entalados pela garganta? Quantas palavras engasgadas por dizer? O quanto que ouvimos e engolimos e aquele sentimento vira RE. Ressentimento. Já parou para analisar o que essa palavra significa? Tamanho universo consta em cada palavra. Se sentimento é sentir, ressentimento seria viver aquele sentimento já vivido outrora. Ou seja, guardamos mágoas, frustrações, decepções, que acabam por ficar ali, entalados em nossa garganta e quando menos esperamos, eles aparecem. Reaparecem nos fazendo lembrar e consequentemente sofrer e sentir novamente tudo aquilo por que já passamos, mas não deglutimos até o final.

Cansada de tapar o sol com a peneira, busco respostas. Entender o que nos machuca, o que carregamos de herança familiar que nem nos pertence. Ou pelo menos, não deveria nos pertencer. Cortar laços com o passado e liberar perdão. A tudo. A todos e especialmente a nós mesmos.

A regressão está me ajudando neste processo. Da tosse e da cura da mesma. Foi ela quem desencadeou meu estado atual. Mas é ela quem está trabalhando internamente. Mexer na ferida, cutucar, às vezes faz ela sangrar novamente. E foi o que aconteceu. Neste meu projeto investigativo de entender a Sara, acabei por machucar em cima do que já havia sido ferido outrora. Fez com que eu tirasse as ataduras e me deparasse com cirurgias mal feitas. Feridas mal cicatrizadas. Alguns machucados ainda latejavam, outros, pensei que já estivessem totalmente curados. Mas não.

Dói se autoconhecer. Machuca tentar se entender. E como eu não consigo ser suave, nem o quero, vamos novamente de extremos. De quente e de frio. De 8 ou 80. Dessa vez, lasquei um 100 e pisei fundo no acelerador. Vamos curar a Sara de uma vez. Ir a fundo e mexer no mais profundo do âmago, do ser.

Se terei resultados? Não sei. Mas já não posso mais voltar atrás. Não consigo. São tantas verdades jogadas na cara que meus olhos já não veem pelo mesmo ângulo. Minha volta é negativa. E meu “não retorno”, garantido. A Sara nunca mais será a mesma. O auto-conhecimento é, definitivamente, um caminho sem volta.

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