Quando eu era mais jovem, digo, há uns 20 anos, eu criei um blog de prosa e poesia onde eu expunha os meus sofrimentos amorosos. Eu nunca tive medo nem vergonha de expor minhas fraquezas. Até encontrava beleza nelas. O blog se chamava “Não Sara”. Afinal era assim que eu me sentia. Que as minhas feridas não saravam. Ao contrário. A cada relacionamento elas se repetiam. E ficavam cada vez mais profundas e enraizadas em mim. Anos depois, quando eu comecei a entender a força das palavras, o universo que elas carregam e a frequência que elas emitem, eu resgatei o blog e já não tive mais coragem de deixá-lo na negação. Mudei seu nome para: “Sarassim”. Claro que não ficou tão poético e comercial quanto o outro o era. Mas nessa fase, uma transformação já estava ocorrendo dentro de mim e eu acabei por abandonar as postagens por achá-las autoajuda demais. Não dava tanto ibope quanto o meu negativo portal de lamúrias. (...)
Nos últimos anos, sem perceber, estava revivendo meu muro das lamentações. O “Não Sara” havia ressuscitado e habitava em mim, vivendo intensamente. Controlando meus desejos, minha razão. Manifestado em relacionamentos tóxicos, abusivos, destrutivos, me vi presa num turbilhão de negações que me causaram danos financeiros, emocionais, profissionais.
Decidida a acabar de uma vez por todas com tudo o que me matava aos poucos, arranquei pela raiz tudo o que pudesse me manter presa ou conectada de alguma forma com o “não” em mim. Hoje sou Sim. Vivo o Sim. O mais puro e simples Sim. Amor. Paz. Gratidão. Perdão. Resgato minha essência e me liberto do que me fez mal outrora. Vivo, Sim. Essa é a minha escolha.