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PRAZER, SARA.

29/06/20 às 21:31 - Escrito por Sara Presoto
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Uma auto-análise provinda de uma profunda reflexão sobre como as pessoas me enxergam, fez com que eu concluísse que eu não me “mostro” como realmente eu sou. Eu não me vendo da maneira correta. As pessoas não sabem quem eu realmente sou. Só deixo transparecer parte de mim. Você, meu telespectador, meu ouvinte, meu seguidor ou meu leitor, conhece “meia Sara”. A outra parte ainda não foi revelada. Então, esquece tudo o que você pensa, imagina ou criou ao meu respeito. (...) Prazer, eu sou a Sara. (...) A Sara foi uma menina muito tímida na infância. Pois é. Vergonha de atender a porta. A Sara era uma menina muito sonhadora. Sensível. Frágil. Insegura. Dependente. A Sara era sensitiva. Viu e ouviu muita coisa. Mas disseram para ela que era melhor não acreditar em coisas do outro mundo. Que a vida de verdade era aqui. Ela estava num mundo branco e rosa. Ela brincava de casar. Escolheu com o tema de festa de aniversário de 7 anos, uma noiva. E dizia que com 23 anos já estaria casada e com 3 filhos. Ela acredita num conto de fadas. Com direito a vilões, fadas, príncipes e sempre finais felizes. Daí, a Sara cresceu. (Mais de idade do que de tamanho.) E ela foi se dando conta de que ela precisava ser independente. Ela conquistou sua independência cedo. Saindo da casa dos pais. Trabalhando e fazendo faculdade. Duas. Estudou bastante. Viu que para conquistar algo, ela tinha que ralar. Porque só dependeria dela. Nada cairia do céu. Os contos de fada ficaram nos livros infantis e a vida real era bem mais cruel do que parecia. Mas ela gostou disso. E tomando gosto pela independência, a Sara tomou gosto especialmente pela sua liberdade. Pelo prazer de poder conquistar o que quisesse. Só dependia dela. E quão deliciosa era a sensação de mais uma luta vencida. Mais um degrau alcançado. Sozinha. Sem depender de ninguém. A Sara sempre se orgulhou disso. Porém, mesmo somando vários países, beijos e paixões, certo dia a Sara se sentiu sozinha. E nem casa, carro, amigos ou viagens conseguiam mais deixá-la completa. Então ela se rendeu aos cuidados de um homem bem intencionado. Teve medo de casar. Medo de que fosse tolhida. Fez um casamento fora do país. Com 35 anos, seu relógio biológico gritava e o sonho de ser mãe, de ter um filho aflorou. Pela primeira vez na vida, ela identificou que estava no seu dia fértil e colocou as pernas para cima como manda o figurino. Ela engravidou e passou os mágicos 9 meses se dividindo entre a alegria de gerar um filho no ventre e o medo e a tristeza de perder a mãe com câncer. Foram tempos difíceis. A Sara não sabia bem ao certo se podia ou não ficar feliz. E a mãe dela não conseguiu partilhar da sua felicidade. O filho tão desejado nasceu e os problemas aumentaram. A mãe da Sara começou a fazer quimioterapia e os remédios a deixavam descompensada. O leite ameaçava secar e o sonho de amamentar parecia escorrer pelas suas mãos. Ela teve que se render as mágicas drogas da geração. Antidepressivos. A volta ao trabalho foi rápida, por livre espontânea pressão do chefe da época. O combinado eram 3 meses. Em 45 dias, logo após a quarentena, a Sara com o bebê à tira-colo participava da sua primeira reunião com um possível futuro cliente e com 2 meses, voltava às telas da tv. Tinha que ser feito. Ela não tinha escolha. Com o nascimento do filho, 2 anos depois, o relacionamento morreu. O casamento acabou. E ela sedenta de viver uma paixão entrou numa furada. Um caso conturbado. Tóxico. Pior que os remédios. Entorpecia a alma e tirava o sossego do coração. Ela amou. De verdade. Profunda e intensamente. Talvez o único amor da vida. Mas fazia tão mal. Era tão psicologicamente violento que, mesmo amando, ela terminou. Ela se amava mais. Ela foi forte de novo. E ela tem orgulho de ter sido forte de novo. Mas ela não consegue imaginar a vida dela sem amar. Sem o amor. Como se faltasse algo. Fica incompleta. Ela não depende financeira ou emocionalmente de ninguém. Mas precisa amar para se sentir viva. A Sara é prática, mas romântica. A Sara é intensa, mas tranquila. A Sara ama estar rodeada de gente, mas precisa do seu tempo quietinha, sozinha. A Sara ama o barulho e venera o silêncio. Gosta da natureza, mas não dispensa uma música alta. A Sara é fã de Bossa Nova e escuta sertanejo. Toca piano e bateria. Fala inglês, mas prefere o francês. Quer viajar o mundo e ter outro filho. Quer ser livre, mas espera um dia encontrar o seu grande amor. Ela quer tudo. Ao mesmo tempo. E agora.

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