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Vinte anos do penta: a formação da Família Scolari

30/06/22 às 12:03 - Escrito por Luciano Neves

É ano de Copa do Mundo. Em 2022, o principal torneio de futebol do planeta volta a ser disputado no continente asiático, já que a Copa será no Catar, no fim deste ano. Será a primeira Copa em mundo árabe, porém, será a segunda na Ásia. A primeira foi no Japão e na Coreia do Sul há vinte anos, em 2002. Foi a primeira edição, e única até agora, que teve a organização dividida em dois países. E para a alegria de todos os brasileiros, a taça ficou com a amarelinha. Há vinte anos, a Seleção Brasileira, do técnico Luiz Felipe Scolari, comemorava o pentacampeonato depois de uma vitória sobre a Alemanha. Aliás, foi uma campanha impecável, com sete vitórias em sete jogos, 100% de aproveitamento e com o artilheiro do Mundial – Ronaldo, com oito gols. 


O grande detalhe daquele time é que ele chegou desacreditado ao continente asiático. Foram inúmeras crises da Seleção Brasileira antes da Copa, com mudança no comando técnico, até a chegada de Felipão. E foi ele que formou a Família Scolari, pentacampeã mundial.


As crises

O futebol brasileiro deve muito a Mário Jorge Lobo Zagallo, tetracampeão mundial com a Seleção Brasileira. Mas a trajetória de Zagallo com a amarelinha terminou no dia 12 de julho de 1998. Foi o dia em que o Brasil foi humilhado pela França na final da Copa do Mundo daquele ano. Nascia ali a necessidade de uma reformatação na Seleção Brasileira e a escolha para o novo comando foi óbvia: Vanderlei Luxemburgo.


O novo técnico da Seleção dirigiu o Corinthians de maneira paralela no fim daquele ano e até conseguiu o título brasileiro. Depois, passou a ser exclusivamente treinador do Brasil. Venceu a Copa América no Paraguai em 1999 e foi vice da Copa das Confederações no mesmo ano. Porém, o projeto do ‘pofexô’ Luxa à frente da amarelinha ruiu em 2000, quando o Brasil foi eliminado por Camarões nas quartas de final das Olimpíadas de Sydney.


Candinho, que fez história como treinador da Portuguesa, fazia parte da comissão técnica de Luxemburgo. E dirigiu a Seleção de maneira interina por dois jogos durante as eliminatórias, com duas goleadas.

Porém, não foi efetivado. E Emerson Leão foi contratado para conduzir a Seleção até a Copa do oriente.


Mas o projeto também não vingou. Leão foi demitido depois de uma pífia campanha do Brasil na Copa das Confederações, evento que era realizado um ano antes da Copa. Depois dele, o nome mais óbvio para comandar o Brasil era Luiz Felipe Scolari.


Era Felipão

Felipão era uma unanimidade no Brasil por tudo o que tinha feito como técnico de Criciúma, Grêmio, Palmeiras e Cruzeiro. É, mas o começo da história de Scolari na amarelinha também foi conturbado. Ele estreou no dia 1º de julho de 2001 com derrota para o Uruguai, nas Eliminatórias. O pior estava por vir. Felipão convocou um time mais modesto para a Copa América na Colômbia, em 2001. E o time caiu nas quartas de final com uma derrota vexatória para Honduras por 2 a 0. Na sequência das Eliminatórias, o Brasil sofreu duas derrotas para Argentina e Bolívia, venceu o Chile por 2 a 0 e a vaga na Copa veio na última rodada da competição com a vitória por 3 a 0 sobre a Venezuela. O Brasil avançou em terceiro lugar com 30 pontos, atrás da Argentina, que somou 43, e Equador, vice-líder com 31. A quarta vaga direta ficou com o Paraguai, que também somou 30 pontos.


Dilema

Com a vaga garantida na Copa do Japão e da Coreia, Felipão começou o processo de consolidar o time que foi para o Mundial. Atletas que foram campeões no oriente consolidaram a presença no time na reta final de preparação, casos de Gilberto Silva e Kleberson. O técnico enfrentou um descontentamento da mídia, que uniu o coro pela convocação de Romário. O Baixinho foi o ‘cara’ da Copa do 1994, foi cortado em 1998 por lesão e implorou para ser convocado em 2002. O atacante achou que seria convocado de maneira natural depois de ter pedido dispensa da Copa América. Romário alegou que faria um tratamento no olho. No entanto, participou de uma excursão com o Vasco no México. Para Felipão, a atitude de Romário foi uma ‘traição’. 


Acerto 

No ataque, Felipão apostou no astro Ronaldo Fenômeno, que havia ‘amarelado’ na final da Copa de 98 e ainda se recuperava de uma grave lesão no joelho. Scolari provou que a ‘teimosia’ foi certeira. Ronaldo foi o artilheiro da Copa com oito gols. Balançou as redes em seis jogos, nos três da primeira fase contra Turquia, China e Costa Rica foram quatro gols. Ronaldo fez um nas oitavas contra a Bélgica. Passou em branco contra a Inglaterra, mas, de bico, garantiu a vitória por 1 a 0 sobre os turcos na semifinal. E anotou os dois gols da vitória por 2 a 0 sobre a Alemanha na decisão que ocorreu no dia 30 de junho de 2002.

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