A paralisação desta sexta-feira 22, reacende o necessário debate sobre o modelo do Transporte Coletivo em todo Brasil e revela como a conta não fecha.
A Pandemia do novo coronavírus apenas acelerou um processo de ruptura no atual sistema que já estava em crise. As operadoras estão operando no vermelho há anos, e em poucas cidades do país o transporte público por meio de ônibus é viável.
No início dos anos 2000, o setor de transporte coletivo sentiu a uma queda no número de passageiros com a chegada do mototáxi. No mesmo período, o governo deu incentivos à indústria automotiva que aumentou a produção e conseguiu alavancar as vendas.
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A estabilidade econômica e a redução nas taxas deram ao consumidor uma condição de financiar um veículo em 72 vezes com prestações que cabem no bolso e mesmo sabendo que estava caro, o usuário preferiu o conforto e o status a enfrentar as filas e coletivos lotados todos os dias.
Sem entrar em outros fatores como preços de insumos, combustíveis, internet, carga tributária e elevado custo de mão de obra, a tecnologia trouxe um fenômeno que pode colocar de vez a pá de cal no transporte coletivo: os apps.
Estranhamente o transporte coletivo conviveu décadas com o serviço de táxi em todo mundo, mas não está resistindo aos serviços de viagem por aplicativo. Mesmo sendo mais caro, o transporte de aplicativo oferece vantagens que o mais eficiente serviço de ônibus não consegue competir.
Os “motoristas de apps” pegam o passageiro onde quer que ele esteja e o deixa no destino exato com precisão, conforto, rapidez e segurança. Em Londrina, o último levantamento era de cinco mil profissionais, mas a estimativa é que mais de 15 mil estejam operando.
O transporte público ainda não entrou em colapso porque no final do mês ainda é mais barato andar de ônibus com vale transporte ou mesmo pagando no dia a dia.
Em Londrina, o desequilíbrio econômico-financeiro levou operadoras a buscar empréstimos para pagar folha de pagamento. Aliás a manifestação dos trabalhadores é porque não receberam o adiantamento salarial, famoso Vale, que algumas empresas ainda tem fluxo de caixa para pagar.
Se o sistema de transporte coletivo não mudar urgentemente, com certeza os terminais de transporte coletivo vão se transformar em shoppings ou supermercados. Quem viver verá.