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O que é liquidez em Bauman?

11/01/18 às 13:43 - Escrito por Redação Tarobá News
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O líquido é mais do que frágil. A relação líquida não é uma escolha entre ambas as partes que, coincidentemente, é uma escolha pela dificuldade em firmar laços profundos. É uma relação que emerge em um conjunto de instituições, regras, lutas e sistemas simbólico, político e econômicodefinidos em uma estrutura social particular.

Se o sujeito é constituído pelas coerções diversas em diversas relações a que está preso, se ele é formado de maneira que determinadas regras, determinados modos de pensar, agir e sentir são inscritos em sua formação mais fundamental enquanto sujeito, então as relações são líquidas e as pessoas firmam relações com essa liquidez, porque vivem em uma sociedade líquida e são nela constituídas.

Então a liquidez, longe de ser uma escolha “errada”, é a base para todas as escolhas, é o fundamento prático das ações.  As relações de poder que atravessam toda a sociedade pelos indivíduos não só definem a norma na esfera sexual, na esfera do trabalho, como também definem a norma para as relações em geral. São com as microcoerções cotidianas sofridas em todos os lugares e em todas as formas como os indivíduos socializam que, lentamente e intensamente, se inscrevem nos sujeitos e delineiam aquilo que não podem fazer, mas também delineiam aquilo que devem fazer. Não só reprimem, mas constroem disposições.

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Estar em uma relação onde a incerteza comanda cada passo a ser dado não é escolher pela incerteza e não é o mesmo que desconfiar por querer desconfiar, mas é ser constituído de maneira que a incerteza é um apriori histórico que permite possibilidades limitadas de agir, sentir e pensar. Os discursos e as relações de poder constituem o sujeito, constroem aquilo que ele é, que ele pode ser e que ele não poderá nunca nem tentar ser, desta maneira, são nos discursos e nas relações de poder que são justificadas e fortalecidas, e que os justificam e fortalecem, que podemos encontrar o fundamento da incerteza, da insegurança e da fragilidade.

A liquidez não vem de uma escolha, mas da esfera do trabalho em que os direitos trabalhistas são diminuídos em favor da possibilidade de se negociar contratos diretamente entre empregado e empregador, em que o emprego “para aposentar” deixa de existir em favor de um suposto aprendizado permanente em diversos cargos de diversas empresas durante toda a carreira.

Ela também vem das novas regras de relacionamento, em que a busca pela satisfação imediata está acima de qualquer projeto de vida ou de qualquer respeito e reconhecimento da alteridade, e também está na cultura do lixo, na cultura do consumo, da descartabilidade, nas novas relações firmadas com antigos símbolos de loucura (como a avareza, que agora é aceitável) e de racionalidade (como a parcimônia, que não é nem mais reconhecida).

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