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Litoral abriga tesouros da história, cultura e natureza

23/02/20 às 09:12 - Escrito por Redação Tarobá News
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Antonina e Morretes, no Litoral do Paraná, são verdadeiros redutos da história e da cultura do Paraná. Elas estão entre as mais antigas do Estado e permitem reencontro com o passado pelas artes, monumentos, casarões e marcas dos ciclos econômicos.

Antonina já recebeu um show de Carmen Miranda, hospedou Dom Pedro II, Olavo Bilac e Santos Dumont, foi sede das indústrias Matarazzo, mandou pracinhas para a 2ª Guerra Mundial, acolheu Belarmino e Gabriela (autores da canção “As Mocinhas da Cidade”) e deu à luz Caetano Munhoz da Rocha, presidente do Paraná durante a República Velha.

A cidade ainda tem uma farmácia com PH, a escola técnica mais antiga em funcionamento no Estado, um Carnaval que enche de lantejoulas as pedras irregulares da Avenida do Samba e é mãe do Pico Paraná, o mais alto do Sul do País (1.877 metros).

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Morretes teve o primeiro Theatro do Estado, guarda um sino de Portugal na sua igreja matriz, e é berço de José Francisco da Rocha Pombo, que integrou a Academia Brasileira de Letras, autor do clássico “História do Brasil”, e de Mirtillo Trombini, célebre pintor do cotidiano e das pessoas da cidade.

O Centro da cidade também preserva os casarões de muitas beiras, que são aqueles prolongamentos de telhado sobre as paredes externas e partícipes do ditado “sem eira nem beira”, que indica os ricos e suas casas com camadas para o lado de fora (muitas beiras), ao contrário dos lares dos pobres, desguarnecidos de quase tudo.

“É impossível passar anuviado pelas duas cidades. Elas contam as histórias dos ciclos econômicos do Paraná, permeadas de conflitos, heróis e mitos. São pequenos tesouros do Estado”, resume Rudi Haupt, criador do parque temático Hisgeopar (História e Geografia do Paraná), em Morretes.

AS DUAS – Antonina e Morretes estão separadas por pouco mais de 15 quilômetros e são senhoras de histórias bem parecidas e centros acanhados que guardam memórias de outro Paraná. Eram terras indígenas de matas e riachos praticamente intocados até a chegada dos primeiros povos portugueses e dos escravos arrancados da África, o que transformou a realidade desses locais (e do Estado) para sempre.

Com o passar dos anos, essas cidades testemunharam o ciclo do ouro de aluvião, muito anterior às minas gerais do centro do País, e foram fundamentais para receber e escoar a produção de erva-mate, de madeira e do café. Atualmente participam dos ciclos da soja, do milho e das carnes industrializadas – Morretes pelo trajeto do trem e Antonina pelo porto complementar à estrutura de Paranaguá.

ANTONINA – Antonina é uma cidade litorânea e portuária de pouco mais de 20 mil habitantes. Ela foi tombada em 2012 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) por seus valores extemporâneos à humanidade. Os principais atrativos são o centro histórico, a estação ferroviária e a Ponta da Pita, pequena faixa de praia do município.

Os primeiros vestígios de ocupação na cidade são de 1648, ou seja, ela completará 372 anos em 2020, mas o município celebrará 223 anos, o aniversário de emancipação de Paranaguá.

É uma cidade marcada pelo ciclo da escravidão africana, mesmo que o assunto ainda reserve tabus e senões. Quem guarda essas marcas, direta e indiretamente, são suas três igrejas.

A Igreja do Bom Jesus do Saivá teve sua construção iniciada provavelmente entre 1789 e 1817, quando a mulher do capitão-mor Manoel José Alves fez uma promessa de construir uma capela dedicada ao culto do Senhor Bom Jesus se obtivesse a graça de ser curada de uma enfermidade. Com a esposa curada, ele pediu que os escravos construíssem a bendita igreja.

Em decorrência da culpa por impor ritmo de trabalho forçado, ele pediu para ser enterrado na soleira da porta principal assim que morresse. Alguns anos depois a família achou que ele já tinha cumprido a penitência e transferiu os restos mortais um pouco mais para o lado.

A Igreja de Nossa Senhora do Pilar (matriz) foi construída no topo do Centro, na beira da baía de Antonina, com visão privilegiada para a vizinha Paranaguá e os canais onde mar e rio são uma coisa só. A construção foi autorizada pelo mesmo Manoel José Alves a partir dos apelos de duas irmãs muito devotas. No começo da história de Antonina, apenas os brancos podiam frequentar as missas naquele local.

Com a exclusão social, restou aos escravos a Igreja de São Benedito, construída por eles mesmos em 1824, mais de 60 anos antes da abolição da escravatura (1888), e que funcionou como refúgio na cidade. Eles replicaram a arquitetura da igreja que não podiam frequentar, a Pilar.

A cidade também tem registros históricos de um pelourinho (local onde os escravos eram punidos) e já vivenciou a separação dos negros e dos brancos por um portão no marco zero da Serra da Graciosa.

AEN

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