"Acorda, vem olhar a lua", cantou Ney Matogrosso, para iniciar a cerimônia do 28.º Prêmio da Música Brasileira, realizado na noite desta quarta-feira, 19, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Ney, o grande homenageado da festa, cuja vida e obra seriam esmiuçadas ao longo da noite, prestou ele, na sua primeira aparição naquele palco histórico, o seu próprio tributo, ao cantar Melodia Sentimental, de Heitor Villa-Lobos, gravada por ele em álbum de 1997.
Nessa inversão dos papéis, Ney trouxe alguma graça para uma noite morna e por vezes confusa capitaneada pelas apresentadoras Zélia Duncan e Maitê Proença, responsáveis por contar a história do cantor, apresentar os vencedores das diferentes categorias e introduzir os artistas que interpretariam canções imortalizadas pela voz e presença inigualável de Ney Matogrosso.
E se o Prêmio da Música Brasileira, feito na camaradagem e sem cachê, mostrou algo, foi o monstro que Ney é quando está no palco. Chico Buarque, acanhado, mais suspirou do que cantou As Vitrines, uma música dele já gravada pelo intérprete homenageado na noite.
Leia mais:
Ouro Verde: Coro UEL comemora 50 anos com concerto nesta sexta-feira
Osuel realiza concerto Árias de Óperas na quinta-feira no Ouro Verde
Orquestra de Metais Londrina é campeã paranaense na categoria Banda de Concerto
Ex-alunos de Música da UEL ganham Festival Nacional da Canção, em MG
Sóbrio, Ney Matogrosso brilhou pelo talento puro, sem penduricalhos visuais. Preferiu vestir-se de preto, distante do figurino colorido e brilhante da atual turnê Atento Aos Sinais. Na noite criada para celebrar um artista que por inúmeras vezes desafiou conceitos socioculturais, o único momento que se aproximou disso ocorreu quando Alice Caymmi e Leila Garin, convocadas para cantar Bomba H, beijaram-se ao fim da canção.
Como uma cerimônia criada para premiar os melhores da música nacional do último ano, o prêmio foi justo ao celebrar a obra de alguém que, por vezes, fica escondido. Letieres Leite, fenomenal à frente da Orkestra Rumpilezz, sagrou-se como o maior vencedor da noite. Foram três prêmios entregues ao soteropolitano, coroado como melhor arranjador, melhor grupo e dono do melhor disco instrumental, A Saga da Travessia.
PRINCIPAIS VENCEDORES
- Álbum de MPB
The Bridge (Lenine e Martin Fondse Orchestra)
- Melhor grupo de MPB
MPB4 (O Sonho, a Vida, a Roda Viva!)
- Melhor canção
Descaração Familiar
(Tom Zé)
- Revelação
BaianaSystem (Duas Cidades)
- Álbum de canção popular
Elza Canta e Chora Lupi (Elza Soares)
- Álbum de pop, rock, funk, hip-hop e reggae
Canções Eróticas de Ninar (Tom Zé)
- Grupo de pop, rock, funk, hip-hop e reggae
BaianaSystem (Duas Cidades)
- Álbum de samba
Samba Original (Pedro
Miranda)
- Álbum instrumental
A Saga da Travessia (Letieres Leite e Orkestra Rumpilezz)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.