Uma história de mais de 32 anos de amor e companheirismo foi interrompida na semana passada pela Covid-19. No meio de milhares de vítimas, José Borges da Costa, de 70 anos, e Maria do Carmo Silva e Costa, 67, moravam na zona norte de Londrina e morreram em um intervalo de menos de cinco dias no Hospital Universitário (HU) em decorrência da doença.
José estava trabalhando como motorista de aplicativo e após sentir sintomas leves da doença, recebeu o resultado positivo para coronavírus no dia 3 de março. A esposa com sintomas gripais também realizou o teste e foi diagnosticada poucos dias depois.
Segundo familiares, eles ficaram em isolamento no apartamento onde moravam nas proximidades da avenida Saul Elkind com contato frequente por telefone. Aparentemente a recuperação estava se encaminhando tranquilamente. Mas no dia 18, disseram que não estavam se sentindo bem e procuraram a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do jardim Sabará.
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“Já estavam muito mal, com falta de ar. Entrei em contato com o Samu, mas a ambulância iria demorar e eles foram de carro. A minha tia deu entrada já com urgência. Já ele passou por triagem e depois foi internado. Ambos precisavam de UTI”, explicou o jornalista Henrique Frigo, sobrinho do casal.
Na madrugada do dia 19, Maria do Carmo foi transferida ao Pronto-Socorro do HU e precisou ser intubada. José foi internado na mesma unidade poucas horas depois, por volta das 22h, e também precisou da intubação.
A família conta que eles não tinham comorbidades, mas não resistiram ao tratamento. Na última segunda-feira (29), às 22h, Maria faleceu e foi sepultada na terça-feira (30) no Cemitério Jardim da Saudade. Pouco tempo depois, na sexta-feira (2), os familiares sentiram a dor com o falecimento de José. O sepultamento aconteceu no mesmo jazigo.
“Foi muito triste. Essa doença não olha quem e vai levando. Os meus tios não ficavam saindo, se aglomerando, não estavam indo nas reuniões de igreja para se preservar. Porém ele tinha que trabalhar, pode ter sido contaminado na rua, no mercado, no trabalho. Eles tinham muito medo de sair e pegar esse vírus. Nunca esperamos que vai acontecer com alguém próximo”, ressaltou a sobrinha Larissa Basílio.
Glauciane Rocha, filha de Maria, veio dos Estados Unidos para acompanhar o internamento da mãe e do padrasto. "Eu vim para o Brasil no dia 21 e na terça-feira fui visitá-los enquanto podiam receber visita. Na sexta-feira ela teve um agravamento e, infelizmente, na segunda ela veio a óbito. Alguns dias depois o meu padrasto também teve um agravamento e faleceu", explicou.
Nas redes sociais, amigos e familiares lamentam as mortes. “Quanta tristeza em menos de uma semana perdi duas pessoas que amava tanto, essa pandemia destruindo famílias, o que consola e a maravilhosa esperança da ressurreição”, publicou uma amiga. Eles eram Testemunhas de Jeová e cada um deixou dois filhos de outros casamentos. Eles não foram vacinados contra a Covid-19.