Londrina
Cascavel
  • Londrina
  • Cascavel

Navios do Irã sob sanções americanas estão parados no Porto de Paranaguá (PR)

19/07/19 às 14:05 - Escrito por Estadão Conteúdo
siga o Tarobá News no Google News!

Dois navios de bandeira iraniana estão presos desde o início de junho no Porto de Paranaguá, no Paraná, em razão das sanções dos EUA. Os cargueiros trouxeram ureia e voltariam carregados de milho, mas a Petrobras teme punições americanas e se recusa a abastecer as embarcações, que estão na lista negra do Departamento do Tesouro dos EUA.

O impasse ocorre no momento em que o Brasil busca uma aproximação com os EUA e o governo americano aumenta a pressão diplomática sobre o Irã. Em maio de 2018, Donald Trump retirou o país de um acordo que restringia o programa nuclear iraniano em troca da suspensão gradual das sanções.

Para o governo brasileiro, os cargueiros iranianos parados em Paranaguá representam um desafio. Em junho, durante a cúpula do G-20, em Osaka (Japão), o general Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional, garantiu que o Brasil não tomaria partido do lado americano de forma automática. "Não tem nenhuma rivalidade ou inimizade com o Irã. Pode ser parceiro em algumas coisas", disse o general.

Leia mais:

Imagem de destaque
ACIDENTE

Navio bate contra ponte que colapsa e cai com vários veículos nos Estados Unidos

Imagem de destaque
DIA MUNDIAL DA ÁGUA

Itaipu leva discussão sobre gestão compartilhada da água para conferência da ONU

Imagem de destaque
FIM DA FESTA

Maior fornecedor de armas e drogas para o Comando Vermelho, é preso em bordel no Paraguai

Josué da Cunha
INTERNACIONAL

Paranaense na Flórida, mostra cenário de destruição durante passagem do Furacão Ian

Para o setor agrícola brasileiro, o impasse é uma péssima notícia. No primeiro semestre, o Irã importou cerca de 2,5 milhões de toneladas de milho do Brasil, praticamente o mesmo volume importado no mesmo período do ano passado, segundo dados oficiais.

Além de ser o maior importador de milho do Brasil, o Irã é um dos principais clientes da indústria de soja e carne bovina. Consultada pela reportagem, a empresa que exportou o milho para o Irã alega que o transporte de alimentos, remédios e equipamentos médicos estariam isentos das sanções. O abastecimento, segundo os exportadores, seria uma compra de combustível feita por uma empresa brasileira junto à Petrobras.

O caso surpreendeu a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec). "Qualquer sanção sobre comida está fora (das restrições americanas)", afirmou o diretor-geral da Anec, Sérgio Mendes.

Procurada pela reportagem, a Petrobras confirmou o risco de ser punida nos EUA, por isso se negou a abastecer os navios iranianos, que estão na lista negra do Tesouro norte-americano. "Além disso, os navios vieram do Irã carregados com ureia, produto também sujeito a sanções americanas. Caso a Petrobras venha a abastecer esses navios, ficará sujeita ao risco de ser incluída na mesma lista, sofrendo graves prejuízos", afirmou a empresa.

A Petrobras informou ainda que existem outras empresas com capacidade de atender à demanda por combustível para os cargueiros. No entanto, os exportadores brasileiros alegam que não há outra alternativa viável e segura para o abastecimento das embarcações, que dependem de um tipo específico de combustível cujo fornecimento é monopólio da estatal.

A empresa brasileira - que não teve o nome divulgado porque o processo corre em segredo de Justiça - obteve uma liminar do Tribunal de Justiça do Paraná, no começo do mês, ordenando que os cargueiros fossem abastecidos. A liminar, porém, foi suspensa pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli. A decisão foi preliminar e não tem data para ser avaliada.

Enquanto isso, os cargueiros seguem parados. O navio MV Bavand já está carregado com 48 mil toneladas de milho - avaliadas em R$ 45,5 milhões - e deveria ter partido para o Irã no dia 8 de junho. O MV Termeh aguarda, desde o dia 9 de junho, o combustível para seguir rumo ao Porto de Imbituba (SC), onde receberá a carga.

Segundo reportagem da revista Portos e Navios, as empresas gastam US$ 15 mil por dia com a paralisação. Ao menos um outro navio iraniano, o Daryabar, que está na mesma lista de sanções americanas, carregou milho em Imbituba (SC) em junho, e partiu, segundo autoridades marítimas, que apontam também que outra embarcação do Irã alvo de sanções dos EUA, o cargueiro Ganj, deve chegar ao Brasil em agosto. (Com agências internacionais).

© Copyright 2023 Grupo Tarobá