Londrina
Cascavel
  • Londrina
  • Cascavel

Reino Unido tem recorde de mortos; Boris Johnson recebe oxigênio na UTI

08/04/20 às 07:23 - Escrito por Estadão Conteúdo
siga o Tarobá News no Google News!

O Reino Unido registrou ontem um recorde de 786 mortes e 3,6 mil novos casos de coronavírus em 24 horas, dados que mostram que a pandemia vem se acelerando no país. A síntese da calamidade é a situação do primeiro-ministro Boris Johnson, que ocupa um quarto de UTI no Hospital St. Thomas, em Londres. O governo britânico disse que ele recebeu oxigênio durante o dia, mas garante que Johnson respira sem a ajuda de aparelhos.

O modelo estatístico do Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME), centro de pesquisa da Universidade de Washington, que tem sido usado pela Casa Branca e vários governos do mundo, prevê que o Reino Unido será o país mais afetado da Europa e terá 40% do total de mortes no continente, podendo chegar a 66 mil em agosto - com um pico de até 3 mil óbitos por dia, com base no avanço da doença no início da pandemia.

O Reino Unido atingiria o ápice do surto no dia 17, segundo o IHME, quando o país precisaria de pelo menos 102 mil leitos de hospital - o sistema de saúde britânico tem apenas 18 mil disponíveis. O país também não terá vagas de UTI e respiradores suficientes para todos, segundo os dados da Universidade de Washington.

Leia mais:

Imagem de destaque
DIA MUNDIAL DA ÁGUA

Itaipu leva discussão sobre gestão compartilhada da água para conferência da ONU

Imagem de destaque
FIM DA FESTA

Maior fornecedor de armas e drogas para o Comando Vermelho, é preso em bordel no Paraguai

Josué da Cunha
INTERNACIONAL

Paranaense na Flórida, mostra cenário de destruição durante passagem do Furacão Ian

Jair Bolsonaro ONU
MUNDO

Brasil tem “economia em plena recuperação”, diz Jair Bolsonaro na ONU

Muitos analistas britânicos, porém, preferem adotar o modelo do Imperial College, de Londres, que mostra um cenário menos catastrófico, de um mínimo de 20 mil mortos, contanto que o governo mantenha as duras medidas restritivas. "O modelo da IHME não se aplica ao Reino Unido", disse Neil Ferguson, professor do Imperial College, responsável pelo estudo que convenceu Johnson a declarar quarentena no país, no dia 23.

O premiê, que foi diagnosticado com coronavírus há duas semanas, permanece na UTI.

Os médicos disseram que ele não tem pneumonia, está estável e respira sem a ajuda de aparelhos. "Ele vem recebendo o tratamento-padrão de oxigênio e respirando sem nenhuma outra ajuda", disse um porta-voz do governo.

O primeiro-ministro, de 55 anos, foi internado no domingo para ser submetido a exames. Na segunda-feira, seu estado de saúde se agravou e ele foi transferido para a UTI. A notícia provocou comoção no Reino Unido, entre governistas e opositores. Com Johnson fora de combate, o governo passou a ser liderado pelo chanceler Dominic Raab.

Há um mês, Johnson abordava a crise do coronavírus de maneira descontraída. Em uma entrevista coletiva, em 3 de março, ele se gabou de ter "apertado a mão de todos" depois de visitar um hospital onde 19 pacientes estavam sendo tratados com covid-19 - e garantiu que pretendia continuar fazendo isso.

Dois dias depois, o Reino Unido anunciou sua primeira morte. Foi o que bastou para Johnson, no dia 12, chamar a pandemia de "a pior crise de saúde pública em uma geração" e alertar para a possibilidade de que muitos britânicos perderiam parentes. Ainda assim, a estratégia divergia das medidas radicais adotadas por outros países da Europa, onde o confinamento já estava em vigor.

Aos jornalistas, Johnson repetia sua recomendação de lavar bem as mãos "durante o tempo necessário para cantar Parabéns Pra Você duas vezes". Para os idosos, acima dos 70 anos, mais vulneráveis ao coronavírus, ele simplesmente desaconselhava ir a um cruzeiro.

A estratégia de Johnson era atingir a chamada "imunidade coletiva", quando a maioria dos britânicos já teria contraído o vírus e estaria imune à doença. Mas, diante das críticas crescentes e especialmente após o estudo do Imperial College, ele mudou de opinião - os dados previam 250 mil mortos sem medidas de distanciamento e 20 mil com quarentena rígida.

Devagar

O isolamento, no entanto, aconteceu em câmera lenta. No dia 16, Johnson pediu à população que evitasse contato social "não essencial", viagens desnecessárias e realizasse trabalho remoto, quando possível. No dia 20, deu ordem para fechar escolas, bares, restaurantes, cinemas e academias. Apenas no dia 23, ordenou um confinamento de três semanas - mesmo assim, manteve reuniões presenciais com o gabinete.

Quatro dias depois, no dia 27, Johnson pegou todos de surpresa quando anunciou que havia testado positivo para a covid-19. Segundo o próprio premiê, seus sintomas eram "leves" e ele ficaria isolado na residência oficial, em Downing Street, comandando o país por videoconferência.

Dúvidas sobre sua capacidade de continuar cumprindo suas obrigações se multiplicaram. No sábado, sua noiva Carrie Symonds, de 32 anos, que está grávida, mas não está com o premiê, disse que se recuperava após uma semana de cama com os sintomas da doença. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

© Copyright 2023 Grupo Tarobá