O município de Londrina, totalmente focado numa guerra contra um mosquito, se juntou ao mundo diante de um inimigo invisível a olho nu e que já se mostrava mais poderoso do ponto de vista do contágio: o novo coronavirus.
A confirmação do primeiro caso em Londrina foi no dia 17 de março, um dia depois de uma medida que deixou a cidade perplexa. A Expolondrina, maior evento do calendário anual foi suspensa, após um decreto estadual proibindo aglomerações de pessoas.
A paciente, uma mulher, de 52 anos, que esteve na Itália. Nesse início, a preocupação era voltada para casos suspeitos que visitaram a Europa. Até que o dia vinte, mais duas confirmações. Um homem de 37 anos que viajou para São Paulo e uma mulher de 39, que esteve em Santa Catarina e São Paulo.
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O vírus teria se abrasileirado. Mas os três casos eram leves, segundo a secretaria de Saúde, e os pacientes seguiram em franca recuperação. Só que já no dia 19, o prefeito Marcelo Belinatti decretava que o fechamento do comércio, shoppings, bares, restaurantes e boates na cidade seria necessário a partir do 23. Uma medida para forçar o isolamento social e evitar que a doença, chamada covid-19, se alastrasse. Lojas fechadas, ruas desertas. A quarentena parecia ter o apoio da população. E em uma semana em que o Paraná registrava apenas 23 casos confirmados do coronavírus.
Dia 24, mais uma medida radical. Novo decreto, e agora, indústrias fechadas, construção civil paralisada. Obras públicas e privadas em silêncio. E no chão de fábrica, apenas setores considerados essenciais, como a produção de produtos de higiene e saúde. Medida válida a partir deste sábado.
Na noite do dia 24, a disposição em manter o isolamento social começou a se modificar com um pronunciamento do presidente da república, criticando ações adotadas por prefeitos e governadores. Em Londrina, a movimentação já era outra. No dia 26, um buzinaço pelas ruas pedia a reabertura do comércio ontem, um grupo maior em carreata até a prefeitura pressionava pela mesma posição.
Mas o prefeito manteve a decisão. No mesmo dia em que unificou a data limite dos dois decretos para seis de abril e voltou atrás para o andamento de obras públicas. E no mesmo dia ainda em que o Paraná já saltava nos números. 125 casos confirmados de coronavírus e duas mortes, registradas em Maringá. À noite, um susto. Londrina recebeu resultado de novos exames e dobrou o número de casos confirmados - 6 até agora. 54 pacientes com suspeita internados. 46 adultos, 13 em UTIs. 8 crianças - duas em terapia intensiva.
O município que avalia dados diários e tenta conter a estatística de infectados também vê parcialmente enfraquecidas medidas reconhecidamente duras e economicamente prejudiciais, mesmo que mundialmente seguidas, e consideradas pela medicina essencialmente vitais. Tudo para tentar achatar a curva de contaminação de um vírus que está obrigando o planeta a se reinventar.