Londrina
Cascavel
  • Londrina
  • Cascavel

Observatório de Feminicídios Londrina critica estratégia da defesa em julgamento

27/01/22 às 20:46 - Escrito por Redação Tarobá News
siga o Tarobá News no Google News!

Após a condenação de 28 anos em regime fechado de Renan Júlio Bueno Fogagnollo pelo feminicídio de Ingrid Fernanda Costa Ferreira, o Néias - Observatório de Feminicídios Londrina se diz bastante satisfeito com a sentença. O grupo de feministas ativistas se organiza para dar visibilidade e acompanhar o julgamentos de feminicídios e, no tribunal realizado nesta quinta-feira (27), criticou a estratégia da defesa do réu.

“Foi um resultado exemplar no que se refere a defender a memória da vítima e a dignidade. O andamento do julgamento foi bastante preocupante porque a defesa usou sistematicamente formas de revitimização, tanto da Ingrid quanto da mãe dela, que esteve presente no julgamento”, disse a coordenadora do Néias, Silvana Mariano.

Renan foi condenado por feminicídio qualificado com duas agravantes: motivo torpe e mediante recurso que dificultou a defesa da vítima. O crime aconteceu em 2019, quando a vítima tinha 17 anos, no Residencial Flores do Campo, na zona norte de Londrina. Segundo a acusação do Ministério Público, inconformado com o fim do relacionamento, Renan teria atirado em Ingrid na frente dos pais dela. O Siate chegou a ser acionado, mas Ingrid morreu antes da chegada do socorro.

Leia mais:

Imagem de destaque
CONFRONTO

Cinco homens são mortos em confronto com a Polícia Militar em Cascavel

Imagem de destaque
POLICIAL

Polícia Civil cumpre mandado de prisão por homicídio no bairro Santa Felicidade

Imagem de destaque
MAUÁ DA SERRA

PRF apreende quase 50 quilos de cocaína com casal no Paraná

Imagem de destaque
VIOLÊNCIA

Jovem é morto a tiros no meio da rua no Sanga Funda

Segundo o advogado do réu, Eduardo Caldeira, ele não foi condenado por unanimidade e a defesa perdeu o tribunal por apenas um voto. A defesa entrará com recurso e espera que a pena seja diminuída e que ele cumpra em regime semiaberto ou até mesmo aberto.

De acordo com Silvana, para sustentar a tese de homicídio privilegiado, a estratégia da defesa foi dizer que Ingrid provocava o acusado e ele agiu de forma justificada em resposta a uma provocação dela. “Essa argumentação inverte os papeis e coloca a vítima como responsável pelo ato do real e, portanto, responsável pela própria morte. E coloca o réu como vítima, havendo inversão se papel”, disse.

“O privilégio de matar mulher só pode ser uma tese sustentada em uma sociedade reconhecidamente patriarcal. Isso é uma aberração. Felizmente, isso é raro de acontecer nos tribunais brasileiros, mas o Ministério Público se levantou por duas vezes fazendo contraponto a esse tipo de defesa que vai contra a decisão recente do Supremo Tribunal Federal. Nós não podemos, nos dias de hoje, admitir que haja o privilégio de matar uma mulher”, afirmou Silvana.

© Copyright 2023 Grupo Tarobá