Policial

ZR3: Gravações de investigados mostram a importância da propina para o zoneamento

26 jan 2018 às 20:19

O Gaeco continuou, na tarde desta sexta-feira (26) colhendo o depoimento de testemunhas dos esquema criminoso que envolveu vereadores e empresários na modificação de zoneamento de áreas urbanas de Londrina. Foram ouvidas três pessoas, entre elas dois empresários que teriam informações importantes para a investigação.

O objetivo dos promotores é finalizar o depoimento de testemunhas até segunda-feira (29). A partir da terça (30) a expectativa é ouvir os 11 investigados no âmbito da Operação ZR3, deflagrada pelo Ministério Público (MP) nesta semana.

Gravações divulgadas pelo MP permitem entender melhor a participação dos vereadores afastados Rony Alves (PTB) e Mário Takahashi (PV). Em uma conversa entre Alves, seu chefe de gabinete Evandir Aquino e o denunciante do esquema, o vereador tenta convencer o denunciante a contratar os serviços de Luís Guilherme Alho e de Cleuber Morais para elaboração do Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV), alegando que com eles seria mais fácil conseguir parecer favoráveis do Ippul e do Conselho Municipal das Cidades, do qual Alho fazia parte.

Outro diálogo evidencia a importância de Takahashi para o suposto esquema. Antes de dar o orçamento dos serviços dele, Alho diz que precisa esperar a volta do ex-presidente da Câmara, que estaria em viagem. O empresário afirma ainda que vai pedir que Takahashi vá até o gabinete do prefeito apresentar esse projeto e tentar convencê-lo a apoiar. As gravações foram feitas em 2017, durante a gestão de Marcelo Belinati (PP).

Em mais uma gravação, o chefe de gabinete de Rony Alves dá uma ideia da importância da propina. Ele cita o exemplo da mudança de zoneamento para outra construtora, que ficou com obras paradas por 4 anos porque não houve pagamento de propina. Há ainda o registro de uma declaração do sócio de uma loteadora, que admite que pagou propina no valor de mais de R$ 1 milhão.

De acordo com o MP, inicialmente as investigações estão centradas nas 11 pessoas identificados, mas não descartou o envolvimento de outras pessoas, inclusive vereadores. “Obviamente que é possível, no curso das investigações, a identificação de outros elementos integrantes desse esquema delituoso. Em princípio estamos restritos a esses dois vereadores”, afirmou o coordenador do Gaeco Jorge Barreto.

(Reportagem: Luciane Myiazaki)

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