Política

Alvaro Dias promete ‘romper com a governança corrupta’

18 dez 2017 às 09:58

O senador e pré-candidato à presidência da República pelo Podemos, Alvaro Dias, prometeu um novo modelo de gestão se for eleito, em entrevista a BandNews FM e ao Metro Jornal.

O TRF-4 marcou a data do julgamento do ex-presidente Lula, que se condenado estará fora da disputa presidencial. O senhor acredita na condenação?
Acho que a condenação é inevitável, diante do que ocorreu. Ele foi o líder de uma organização criminosa que assaltou o Brasil e provocou milhares de mortes. São milhares de brasileiros, principalmente em regiões mais pobres como nordeste e norte, amontoados e morrendo em corredores de hospitais porque o dinheiro para o atendimento não chega porque o dinheiro foi para a conta bancária dos barões da corrupção. A violência também cresceu assustadoramente porque não há dinheiro para a segurança pública, para aparelhar e remunerar as polícias. Logo é evidente que tem que haver o julgamento e a condenação. E não só essa, há outros inquéritos em curso. Penso que se ele disputasse a eleição seria condenado pelo povo brasileiro porque quem subestima a inteligência das pessoas se equivoca, principalmente dos mais humildes. Há uma mania no Brasil de subestimá-los, porém são os mais pobres que conhecem melhor essa realidade já que a vivem de muito perto. Não tenho dúvida que se o Lula disputasse a eleição seria condenado pelo povo, mas antes será condenado pela justiça do nosso país.

É possível mudar a realidade do nosso país?
Tem jeito sim, porém é preciso ressuscitar as esperanças sepultadas em razão dos desgovernos, incompetentes e barões da corrupção que assaltaram o país. É preciso que a população veja a história de cada candidato, verifique o que cada um fez nos anos em que teve oportunidade de prestar serviço. Fui governador e sou parlamentar. É fácil buscar o histórico do meu governo e de como tem sido minha atuação de parlamentar. Até 2014 poucos brasileiros acompanhavam a atividade política, e por isso alguns aventureiros apareceram como se fossem os mais antigos combatentes da corrupção. Mas se for procurar no Youtube, não encontra um vídeo deles combatendo a corrupção e adotando providências. Estavam na sombra do poder, beneficiando-se das benesses. Muitos desses candidatos exerceram cargos públicos, alguns já disputaram a Presidência, outros foram ministros. É hora da população votar com lucidez, analisar bem, não votar com a raiva e ódio. Tem que pensar no futuro e escolher alguém que coloque o país nos trilhos de novo, porque se a escolha for infeliz o Brasil vai continuar sangrando e o povo brasileiro sofrendo.

O senhor fez recentemente ponderações sobre a necessidade de mudanças no BNDES. Que tipo de mudanças são necessárias?
Desde 2005 combato o desvio de finalidade do BNDES. O governo adotou a contabilidade criativa e uma farsa de política econômica, baseada na ilusão de empréstimos que o BNDES fez a juros baixos para alguns ‘privilegiados’, amigos dos detentores do poder. Entre 2008 e 2015, o governo repassou ao BNDES R$ 716 bilhões, sendo R$ 473 bilhões do tesouro nacional. Dinheiro que pegou emprestado, pagou taxas de 13% a 14%, jogou no caixa do BNDES que emprestou com taxa de 5% e 6%. Pegou mais R$ 300 bilhões do FAT [Fundo de Amparo ao Trabalhador] e do FGTS [Fundo de Garantia de Tempo de Serviço], dinheiro do trabalhador brasileiro, também jogou no BNDES. E quem paga essa diferença de juros? O contribuinte, quem paga imposto. E aí o governo diz que a reforma da previdência vai salvar o mundo. O responsável pelo rombo é a dívida pública que cresceu na irresponsabilidade do governo. Esse dinheiro foi para a JBS, Eike Batista, Cuba, Angola e Venezuela. O BNDES é um banco para fomentar o desenvolvimento do nosso país e gerar emprego aqui, mas o dinheiro foi usado para pagamento de propina e estimular a corrupção internacional. O BNDES deve ser dedicado ao desenvolvimento do Brasil. Não dá para fazer cortesia com o chapéu do povo brasileiro para outras nações.

Qual é a orientação do Podemos em relação à Reforma da Previdência?
O partido prega a democracia. A presidente Renata Abreu disponibilizou para que a população decida o voto da bancada. Na verdade ainda não há uma decisão. Acho que a reforma é necessária, mas tem que ser modernizadora, não de ‘faz de conta’. Não vi até agora nenhuma simulação sobre o resultado dessa reforma, até porque nem o governo sabe o que conseguirá aprovar. Já cedeu em muita coisa, e vai continuar cedendo, simplesmente para dizer que fez uma reforma. O resultado é pífio e obrigará uma nova reforma futuramente, mais adequada a realidade do país de dimensões continentais e realidades sociais e regionais distintas.

Como seria o governo se o Alvaro Dias fosse presidente no Brasil?
Minha principal proposta é a ruptura com o sistema de governança corrupta. Foi instalado em Brasília esse modelo de governo corrupto, depois clonado e transplantado para estados e municípios. É um desmodelo onde o governante não manda, quem manda são os partidos aliados, que nomeiam, indicam, recebem e repassam os recursos. Quem se beneficia são os mensaleiros, sanguessugas, os filhos do petrolão. E o povo que sofre as consequências. É por isso que poucos fazem oposição, afinal todos querem se beneficiar de benesses e favores do governo. Quero fazer o caminho inverso. Se chegar a presidência, não haverá balcão de negócios, nem loteamento dos cargos públicos e muito menos desperdício de recursos públicos para atender partidos e políticos.

Seria um governo de enfrentamento?
Essa coalizão e conluio partidário se tornou um bolo pequeno demais para tanta gente comer. E a população já percebeu isso. Depois que a Dilma [Rousseff] saiu e entrou o [Michel] Temer aumentou ainda mais o número de partidos no governo. PSDB, DEM e PPS, que até então eram os partidos de oposição, foram para o governo. Esse conluio partidário resulta em tragédia na administração pública brasileira. Se for presidente vou apresentar propostas de reforma e conversar com a sociedade. O presidente da República tem que ter poder de comunicação. Por exemplo, no caso da reforma da Previdência, apresentaria a reforma e convenceria o povo brasileiro que a proposta é boa para eles e não desfavorável. Tendo apoio da população, a gente consegue o apoio do Congresso. Afinal os deputados sabem que é preciso fazer valer o desejo da população.

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