Londrina
Cascavel
  • Londrina
  • Cascavel

Após demissão, Bolsonaro sugere trégua a Bebianno

18/02/19 às 21:45 - Escrito por Estadão Conteúdo
siga o Tarobá News no Google News!

Às vésperas de enviar a proposta de reforma da Previdência ao Congresso, o presidente Jair Bolsonaro tentou ontem encerrar a grave crise que há quase uma semana abala o governo e anunciou a demissão do ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno. A queda de um de seus principais auxiliares, no entanto, está longe de representar o fim da turbulência no momento em que o Palácio do Planalto precisa fortalecer a articulação política no Congresso.

Em uma tentativa de amenizar o impasse, o presidente gravou um vídeo, que postou ontem nas redes sociais, agradecendo a "dedicação e o comprometimento do senhor Bebianno". Foi uma estratégia combinada para evitar que o ex-auxiliar saísse "atirando". Como revelou ao jornal O Estado de S. Paulo, o general da reserva Floriano Peixoto substituirá Bebianno, que era até hoje o único interlocutor do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), no Planalto. Atual secretário executivo da pasta, Peixoto será agora o oitavo ministro militar na Esplanada.

Na mensagem para as redes sociais, em tom de trégua, Bolsonaro disse ter havido divergências entre ele e o ministro sobre "questões relevantes", mas não especificou quais. "Comunico que desde a semana passada diferentes pontos de vista sobre questões relevantes trouxeram a necessidade de uma reavaliação", afirmou o presidente no vídeo. "Avalio que pode ter havido incompreensões e questões mal entendidas de parte a parte, não sendo adequado prejulgamentos de qualquer natureza", completou, desejando ao ex-auxiliar "sucesso em sua nova jornada". Antes, o porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros, disse que a exoneração de Bebianno ocorrera por "razões de foro íntimo."

Leia mais:

Imagem de destaque
SAIBA MAIS

TSE rejeita recurso de Cloara Pinheiro; defesa diz que decisão não afeta mandato

Imagem de destaque
ACUSADO DE XENOFOBIA

Câmara de Apucarana descarta cassação de Vereador

Imagem de destaque
ENTENDA

STF anula mais uma condenação de Moro contra André Vargas na Lava Jato

Imagem de destaque
ENTENDA

Terminal Rodoviário é novo ponto de votação para as eleições de 2024

Ex-coordenador da campanha de Bolsonaro e responsável por levá-lo para o PSL, Bebianno caiu após um ruidoso embate público com o vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente. Na semana passada, Carlos chamou o então ministro de "mentiroso" por ele dizer que havia conversado três vezes com seu pai sobre a crise.

O clima azedou de vez após Bolsonaro ser informado de que o ministro deixara vazar para interlocutores mensagens de áudio com conversas privadas entre os dois. Antes disso, o nome de Bebianno foi citado em denúncias sobre um esquema de desvio de dinheiro do Fundo Partidário do PSL para patrocinar candidaturas laranjas, em 2018.

A agonia de um dos ex-homens fortes do governo se arrastou por dias. Para evitar que a crise contaminasse votações consideradas prioritárias para o governo no Congresso, como a reforma da Previdência, ministros do núcleo político, militares e até Maia tentaram convencer Bolsonaro a manter Bebianno no cargo.

O plano não surtiu efeito e, então, os "bombeiros" políticos fizeram de tudo para construir uma "saída negociada", que não deixasse o ex-ministro na "chuva".

Emissários do presidente chegaram a oferecer a Bebianno uma diretoria de Itaipu Binacional e até uma embaixada em Roma ou em Portugal, para que ele saísse do Brasil. Bebianno, porém, não aceitou. "Trabalhei e fiz o que fiz por garra, não foi por emprego ou para ganhar dinheiro", disse o ex-ministro À reportagem. "O tempo é o senhor da razão".

O receio de auxiliares de Bolsonaro é de que, mesmo com os agradecimentos feitos pelo presidente, Bebianno seja o que no jargão político se chama de "homem bomba" e aja para detonar o governo e o filho do presidente. A oposição, por exemplo, vai convidá-lo para prestar depoimento.

"Preciso pedir desculpas ao Brasil por ter viabilizado a candidatura de Bolsonaro. Nunca imaginei que ele seria um presidente tão fraco", afirmou Bebianno a interlocutores no fim de semana.

Áudio

Na prática, a gota dágua que levou à demissão do ministro, na sexta-feira, foi a divulgação de uma gravação na qual o presidente dizia a ele que não queria "aproximação com a TV Globo".

Foi na terça-feira da semana passada, quando Bolsonaro, ainda internado no Hospital Albert Einstein, mandou o então ministro suspender uma audiência que teria com o vice-presidente de Relações Institucionais do Grupo Globo, Paulo Tonet Carvalho.

Na mensagem, o presidente teria perguntado, segundo o site Poder 360: "Como você coloca nossos inimigos dentro de casa?". Para Bolsonaro, a divulgação do áudio foi uma "deslealdade". Um interlocutor de Bolsonaro confirmou o teor da mensagem de WhatsApp ao jornal O Estado de S. Paulo.

Bebianno passou o dia num hotel onde mora em Brasília, a poucos metros do Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente. Ele afirmou que recebeu ameaças após virar alvo de Carlos Bolsonaro.

A inimizade dos dois protagonistas da crise começou ainda durante a eleição. Carlos credita a Bebianno o fato de ter perdido a chance de trabalhar ao lado do pai no Planalto. O senador Flávio Bolsonaro também tem Bebianno na mira. Ele acusa o ex-ministro de alimentar a crise envolvendo movimentações atípicas em sua conta bancária apontadas pelo Coaf.

© Copyright 2023 Grupo Tarobá