A Operação Catilinárias, desdobramento da Lava Jato que atingiu em cheio as principais lideranças nacionais do PMDB, em dezembro de 2015, apreendeu com o então presidente da Câmara Eduardo Cunha (RJ), 'documentos referentes ao loteamento de cargos' na Petrobras, em favor do partido durante os governos Lula e Dilma.
As informações foram compartilhadas pelo Supremo Tribunal Federal com o Ministério Público Federal, no Paraná, e anexadas a um processo da Lava Jato nesta segunda-feira, 24.
A força-tarefa informou ao juiz federal Sérgio Moro que 'foram encontrados documentos referentes ao loteamento de cargos provavelmente em favor do PMDB'.
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'Um dos documentos traz informações acerca de cargos no 'Gov Lula' e 'Gov Dilma', em alusão aos Governos dos ex-presidentes da República Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, sendo que na coluna 'Gov Lula' consta 'Dir Int Petrobras' e '1/2 Dir Abast Petrobras', o que faz alusão à diretoria Internacional da Petrobras e à diretoria de Abastecimento da Petrobras", diz o documento da Procuradoria da República.
As duas páginas anexadas pelos procuradores estão escritas a mão. Em uma delas há menção à 'Caixa'. Na primeira coluna, está escrito 'vice-p jurídica' e vice loterias'. Na segunda, 'igual'.
A outra folha tem o título 'cargos' e está dividida em duas colunas 'Gov Lula' e 'Gov Dilma'. Há menção a diversos ministérios. Na lista estão Turismo, Agricultura, Previdência, Comunicação, Minas e Energia, entre outros.
No campo 'Min Comunicação', o documento apreendido com Eduardo Cunha ainda aponta para 'Correios' e 'Anatel'. Em 'Min M Energia', os investigadores identificaram 'Furnas'.
As anotações indicam ainda 'B Brasil'. No campo 'Gov Lula', há menção a 'vice pres gov' e 'vice pres TI'. Ao lado, no campo 'Gov Dilma', há a palavra 'nada'.
Quando foi deflagrada, em 2015, a Catilinárias vasculhou a residência oficial da Presidência da Câmara, então ocupada por Eduardo Cunha. Na ocasião, a Polícia Federal apreendeu o celular do peemedebista.
Eduardo Cunha está preso desde outubro de 2016. O ex-deputado do PMDB já foi condenado por Moro a 15 anos e quatro meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Ele também é réu em ação penal na 10ª Vara Federal de Brasília por esquema de corrupção no âmbito do FI-FGTS. O ex-deputado estaria disposto a fazer delação premiada.