Política

Voto dos idosos é cada vez mais decisivo nas eleições

21 ago 2018 às 09:07

O envelhecimento da população brasileira fez inverter a ordem de que os votos dos jovens são mais decisivos do que o dos eleitores idosos. Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) compilados pelo demógrafo José Eustáquio Alves, da Escola Nacional de Ciências Estatísticas do IBGE, mostram que os idosos já representam 18,6% do eleitorado do País, ou 27,3 milhões de votos, enquanto que os jovens, de 16 a 24 anos, somam cinco milhões a menos: são 22,4 milhões ou 15,3% dos aptos a votar em outubro.

Ao contrário do dado nacional, o Pará ainda aponta uma distancia significativa no número de eleitores nessas duas faixas-etárias. “A tendência do Brasil se repete em todos os Estados, com algumas diferenças, sendo que na região Norte, como o processo de povoamento se deu posteriormente, ou seja, chegaram no Rio de Janeiro em 1500 e o povoamento maciço da região Norte começou a acontecer mais no século XVIII, a população nortista é menos envelhecida do que a população do conjunto do País”, explica a assessoria de comunicação do IBGE.

“Também por conta da migração de pessoas que vão para região para trabalhar, que são pessoas em idade ativa. Então, a predominância dos jovens e adultos sobre os idosos ainda é maior no Norte. Portanto, esse envelhecimento que o José Eustáquio observou no eleitorado brasileiro, sem dúvida, será menos acentuado na região Norte. A estrutura etária da região Norte é menos envelhecida que o conjunto do País”, completa.

De acordo com as projeções do IBGE, levantados a pedido de O LIBERAL, as eleições de 2018 terão 2.994.182 potenciais eleitores (toda a população com 16 anos ou mais, independente delas possuírem ou não o registro de eleitor), sendo que 733,5 mil deles possuem idade entre 16 e 24 anos, o que corresponde a 24,4% do total. A população com mais de 60 anos chega a 333,3 mil pessoas, uma fatia de 11,2% do eleitorado estimado.

Mesmo com essa disparidade, chama a atenção no Estado o ritmo acelerado de encolhimento do total de jovens aptos a votar a cada eleição e o consequente aumento do número de idosos. A projeção do IBGE é de que em mais quatro eleições gerais, o perfil do eleitor paraense se inverta em definitivo. A mudança demográfica do eleitorado paraense pode ser percebida na comparação com os últimos anos de disputa eleitoral.

Em 2002, a estimativa demográfica do IBGE apontava uma margem de idosos no Pará de 8,31%; na eleição seguinte, em 2006, passou para 8,50%; subiu em 2010 para 8,97%; e em 2014, alcançou 9,82% do eleitorado. Entre 2002 e a projeção da eleição atual, o crescimento foi de 33,93%. No mesmo período, a população de jovens (de 15 a 24 anos), passou de 33,84% para 24,49%, uma redução de 27,63%.

Considerando-se as projeções para as eleições seguintes, com base nesses mesmos dados, estima-se que em 2030, os dois grupos devem ficar praticamente empatados no peso que têm nas urnas do Pará: 16% de idosos e 20% de jovens. Nesse mesmo ano, as projeções do professor José Eustáquio Alves, avaliam que o eleitorado do País com 60 anos ou mais já terá dobrado em relação ao grupo que tem entre 16 e 24 anos.

“Essa é a primeira eleição com um aumento consistente de eleitores idosos, em que são maioria evidente. E, como vivemos cada vez mais, esse não é um eleitor que vai embora. Os candidatos terão de trabalhar questões próprias dos idosos e conhecer a realidade deles se quiserem conquistar e manter esse voto na eleição seguinte”, observa o demógrafo em entrevista recente ao jornal O Globo.

ORM

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