Diversão

Calma, o mundo precisa de pausa. Feliz Páscoa!

10 abr 2020 às 08:45

De repente do riso fez-se o pranto

De repente, não mais que de repente

Fez-se do amigo próximo o distante

Fez-se da vida uma aventura errante

Vinícius de Moraes escreveu o soneto da separação em 1938, em uma embarcação indo pra Inglaterra. A interpretação das poesias, das canções, dos livros, depende do momento que cada leitor está vivendo, depende das experiências adquiridas. É, e como interpretar o que vivemos hoje? Somos imperfeitos. Cada um com uma opinião tão própria e cheia de si, que será possível chegar em concenso?!

Talvez, pela primeira vez seja possível que sim.

Talvez pela primeira vez foi possível parar o mundo.

Pela primeira vez, mesmo os que parecem enxergar apenas o próprio reflexo no espelho, tiveram que trocar as lentes. Tiveram que admitir que tudo está embaçado, e que é preciso fazer uma limpeza geral. Uma limpeza de alma.

Pela primeira vez a pauta principal deixou de ser as grandes brigas econômicas. E passou a ser o sofrimento vivido por pessoas lá do outro lado do oceano, que foi aos poucos se tornando o nosso próprio sofrimento.

A pauta virou uma busca mundial e incansável por uma cura. Por uma cura pra humanidade.

Nós, tão acostumados a julgar os outros povos, que são menos "calorosos" ou que cobrem seus rostos, hoje cobrimos o nosso. Hoje, não podemos tocar em quem amamos. E veja que ironia do destino: essa hoje é a maior prova de amor.

Pela primeira vez entendemos a dor de ver fronteiras fechadas, nós - que tanto achávamos ser auto suficientes. Nós que tantas vezes desejamos separar, só hoje vemos a importância de unir.

Nós, que estamos aprendendo a dar valor ao outro, que possamos com essa vivência interpretar a lição do futuro.

Tomara!

Que a gente possa, assim como Vinícius transformar a angústia em amor...

Tomara

Que você volte depressa

Que você não se despeça

Nunca mais do meu carinho

E chore, se arrependa

E pense muito

Que é melhor se sofrer junto

Que viver feliz sozinho



Giulianne Kuiava e Vagner Krazt

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