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Pesquisa valida vacina contra verminose de caprinos e ovinos

24/02/24 às 14:04 - Escrito por Embrapa
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Uma vacina capaz de ajudar o criador de caprinos e ovinos a controlar a verminose, principal problema sanitário desses rebanhos no Brasil, foi validada pela Embrapa em animais da região Nordeste e apresentou um nível de eficácia entre 80% e 90% nos ovinos, e entre 60% e 70% nos caprinos. A vacina, desenvolvida por pesquisadores do Moredun Research Institute (Escócia), é uma medida preventiva e não impede a infecção, mas aumenta a resposta do animal contra o verme hematófago (que se alimenta de sangue) H. contortus.


Marcel Teixeira, médico veterinário e pesquisador da Embrapa Caprinos e Ovinos (CE) responsável pelo trabalho de validação da vacina, diz que ela não é capaz de promover a erradicação do parasito. “Na verdade, procuramos reduzir a carga parasitária e o impacto da doença a um ponto em que os animais consigam produzir, sem perdas significativas ou mortalidade”, explica.


O pesquisador conta que o H. contortus é um problema sério, o parasito alimenta-se exclusivamente de sangue e provoca anemia e alta mortalidade, impactando economicamente os sistemas de produção. A forma mais comum de controlar o problema é com vermífugos. Mas, em virtude da utilização contínua e muitas vezes de forma incorreta, os vermes resistentes são selecionados a cada tratamento tornando cada vez menor a eficácia das drogas disponíveis. “Com a vacina não temos esse problema, pois o verme não desenvolve resistência contra ela”, explica.  Outra vantagem é que a vacinação é uma medida limpa, não deixa resíduos na carne ou no leite, por isso não requer período de carência, ou seja, o produtor não precisa aguardar um tempo para abater o animal ou descartar o leite após a aplicação.

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Eficácia e custos da vacina


O trabalho de validação da vacina contra o verme H. contortus foi feito, inicialmente, em escala experimental nos rebanhos da Embrapa Caprinos e Ovinos, em Sobral, Ceará. Depois, a equipe ampliou o experimento para rebanhos em outras propriedades do Nordeste, principalmente no estado da Bahia.


Os resultados indicaram que a resposta dos animais à vacina varia entre as espécies e, na mesma espécie, muda de acordo com a raça. Os ovinos respondem melhor que os caprinos. E em algumas raças ovinas, como a Santa Inês, a eficácia da vacina é maior. O protocolo utilizado no semiárido foi de três doses de pré-imunização, com intervalo de 21 dias, e uma dose de reforço após seis semanas, em animais naturalmente infectados.


A vacina rquer algumas condições para funcionar bem. Ela precisa ser muito bem aplicada, armazenada em refrigeração e necessita de doses de reforço. O custo do medicamento hoje, sem considerar as taxas de importação, é de 50 centavos de dólar cada dose, o que equivale a preço de um vermífugo de alto custo no Brasil. “A grande desvantagem com relação a outros métodos seria o custo, que acaba sendo mais elevado, mas é compensado quando se pensa na ausência de descarte da produção de leite e carne, que no caso das drogas é necessário”, avalia Teixeira.


Rony Gleidson dos Santos é criador de ovinos de corte no município de Pintadas (BA) e participou do experimento de validação da vacina a campo. Ele explica que costumava tratar o rebanho com vermífugos. “Com essa vacina que a Embrapa utilizou aqui foi bem melhor, diminuiu muito a incidência de vermes. Tenho interesse em usar a vacina quando ela estiver disponível”, informa. Teixeira observa que a prática normalmente adotada pelos criadores é incorreta, por variar os vermífugos e levar à resistência dos parasitos a todas as drogas em uso.


As vantagens da vacina já foram comprovadas; o próximo passo é a realização de estudos de maior duração e extensão em diferentes regiões, para fins de registro no Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), órgão que autoriza sua comercialização,  para iniciar o processo de importação e vendas. “Existe um trâmite inicial e um interesse do fabricante, da Embrapa e da cadeia produtiva. Já há um movimento para trazer essa vacina para o Brasil e a Embrapa está auxiliando nesse processo”, afirma o pesquisador.

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