Londrina
Cascavel
  • Londrina
  • Cascavel

Grupos antivacina mudam foco para covid

01/04/20 às 07:21 - Escrito por Estadão Conteúdo
siga o Tarobá News no Google News!

Dois grupos antivacina no Facebook mudaram o foco de suas publicações para a epidemia do novo coronavírus e têm divulgado informações falsas sobre a doença e seus tratamentos. É o que revela uma análise produzida pela União Pró-Vacina, um grupo criado por pesquisadores do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP de Ribeirão Preto para combater a desinformação sobre vacinas.

Eles avaliaram 213 postagens feitas entre 15 e 21 de março nos dois maiores grupos públicos brasileiros de conteúdo antivacina no Facebook, "O Lado Obscuro das Vacinas" e "Vacinas: O Maior Crime da História", que atuam há cinco e dois anos. "Os métodos da desinformação continuam os mesmos: distorcer conteúdo científico e jornalístico, espalhar teorias da conspiração e até oferecer falsas curas usando produtos conhecidamente tóxicos para a saúde humana", apontam os pesquisadores.

"Entre as publicações, há insinuações de que o vírus seria uma ferramenta para instituir uma nova ordem mundial ou mesmo uma arma produzida pela China. Outras afirmam que a vacina da gripe seria a responsável pela disseminação da covid-19 e a doença seria facilmente curada por meio da frequência do cobre ou de zappers, supostos antibióticos eletrônicos", afirmam.

Leia mais:

Imagem de destaque
VEJA DADOS

Internações e mortes por influenza e vírus sincicial aumentam no país

Imagem de destaque
EDUCAÇÃO

MEC criará protocolos para combater racismo em escolas

Imagem de destaque
60 DESAPARECIDOS

Rio Grande do Sul já registra 29 mortes por causa das chuvas

Imagem de destaque
ATENÇÃO

Candidato poderá apresentar documento digital no concurso unificado

As páginas na rede social estavam na mira dos pesquisadores desde o fim do ano passado, quando a União Pró-Vacina começou a funcionar. A equipe, multidisciplinar, conta com vários especialistas de saúde e comunicação.

"Já tentamos dialogar, trabalhamos sempre com linguagem cordial, mas eles não aceitam. Qualquer manifestação contrária é excluída", disse ao Estado João Henrique Rafael, analista de comunicações do IEA e idealizador do projeto.

Fluxo maior

Os dois grupos, que em geral produzem 30 publicações por dia, aumentaram o ritmo de postagens no período analisado - no dia 21, chegaram a 43. Durante a semana analisada, 65,3% dos posts (139) foram sobre coronavírus. O período, dizem os pesquisadores, coincide com o aumento de buscas no Google de informações sobre a doença.

"A gente sempre monitora o que eles estão falando, mas percebemos que algo estava estranho, que o tom tinha mudado. Na semana em que todo mundo estava buscando informações sobre coronavírus, eles deram uma guinada", diz Rafael.

A equipe resolveu, então, analisar todas as postagens dos dois grupos naquela semana. "Virou um repositório de conteúdo problemático no meio da pandemia", afirma Rafael.

Segundo os pesquisadores, 78,4% das postagens "apresentam sérios problemas, como a disseminação de teorias da conspiração, utilização de informações falsas e de afirmações sem evidências, a distorção de informações confiáveis, a sugestão de uso e até a comercialização de produtos e tratamentos que não têm comprovação científica ou aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)".

Segundo a análise, a postagem com maior envolvimento (204 interações) abordou o uso do chamado "MMS na cura da covid-19", ou solução mineral milagrosa, na sigla em inglês. "O produto é composto por dióxido de cloro e é semelhante à água sanitária usada como alvejante. Sua ingestão ou administração pelo reto pode causar lesões no intestino, vômito, diarreia, desidratação, insuficiência renal, anemia, entre outros problemas de saúde graves", escreve o grupo. O Estado não conseguiu contato com os administradores das páginas citadas. Procurado pela reportagem, o Facebook não se manifestou até as 19h30.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Notícias relacionadas

© Copyright 2023 Grupo Tarobá