Paraná

Em depoimento, juiz nega esquema de venda de sentenças

09 jul 2019 às 21:55

A Tarobá teve acesso ao depoimento do juiz afastado de Porecatu Luiz Carlos Boer, no processo em que responde por improbidade administrativa. Ele nega qualquer ato ilícito apontado na denúncia, como um esquema de venda de sentenças, em conjunto com um advogado da cidade. Já um ex-assessor do magistrado confirma as irregularidades.

Valdir dos Santos é uma peça fundamental no processo. Ele é amigo do advogado Osvaldo Cavalcanti desde a faculdade. Ele era servidor municipal em Porecatu e, a pedido do juiz Luiz Carlos Boer foi cedido para trabalhar no fórum como assessor do magistrado. Após 6 anos na função, passou a receber gratificações em dinheiro, pagas diretamente por Boer. Valdir conta que ele, Osvaldo e Luiz Carlos se reuniam semanalmente para encontros familiares e estreitavam cada vez mais a amizade. No fórum, o assessor recebia os processos, elaborava as sentenças e as repassava ao juiz. 

Entre 2001 e 2003, Valdir e Osvaldo formalizaram uma sociedade. o juiz  admitiu a amizade com as partes, mas nega que isso tenha influenciado na conduta profissional. Segundo testemunhas, o juiz não se declarava suspeito nas ações do amigo e julgava ações de Osvaldo e do escritório dele. Boer está afastado desde 2016 e teve mais de R$ 1 milhão em bens bloqueados pela justiça. 

Existe a suspeita de que ele tenha se favorecido financeiramente das decisões. Para o MP, o juiz e o advogado eram sócios ocultos em um esquema de venda de sentenças judiciais na cidade de Porecatu. Mais de 60 pessoas foram intimadas a depor na audiência de instrução. Além do juiz e do advogado, também respondem por improbidade servidores, uma cooperativa e uma usina da região. O julgamento pode sair só no ano que vem, pois depende de perícias que podem comprovar o enriquecimento ilícito, negado por Boer.

Reportagem: Lívia de Oliveira.

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