Nariz e osso temporal quebrados. Pontos na orelha. A visão não foi afetada, mas os olhos ainda se recuperam de um derrame, causado pelos golpes que Adriano sofreu na cabeça. O movimento do braço esquerdo está comprometido e ainda formiga bastante. Por causa das sequelas e das dores, fica impossível para o Adriano esquecer a noite do último dia 11, quando ele foi sequestrado e espancando, enquanto trabalhava como motorista de um aplicativo.
Adriano faz parte de um grupo de WhatsApp com mais de 300 motoristas. Na noite do crime, ele mandou uma mensagem pedindo ajuda a outro colega. Foi isso que pode ter salvado a vida dele e que ajudou para que a policia o encontrasse na estrada dos periquitos, onde foi deixado.
O carro da vitima foi abandonado pelos criminosos na rua Santa Clara, na vila Santa Terezinha. Agora a preocupação do Adriano é outra. Ele não sabe se terá condições de voltar a trabalhar na próxima quarta-feira, quando vence o atestado dele, que durante o dia é funcionário de uma empresa de transportes e de noite complementa o orçamento como motorista de aplicativos.
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Além disso Adriano é o único provedor da casa. Ele tem duas filhas, a Isadora, de 8 anos, e a Manuela, de 2, que é cardiopata, tem um problema neurológico e depende da mãe, que parou de trabalhar para tudo. Entre plano de saúde, medicamentos e alimentação especial, ele gasta mais de R$ 1500 por mês com a pequena. E sem trabalhar, a saúde da caçula pode ficar comprometida. Mas diante de tudo isso, a parte boa da história é que o Adriano e a família encontraram apoio e solidariedade onde menos esperavam. Uma cesta de cosméticos, que vale cerca de R$ 500, está sendo rifada para ajudar nas despesas. E não é só isso, não.
O crime foi no dia 11 de julho e a policia recuperou o carro que foi abandonado pelos criminosos no jardim Santa Terezinha. Durante a apresentação os acusados debocharam da situação e um deles chegou a dizer que também estaria trabalhando.
(Reportagem: Larissa Trevisan/ Valdemar Loredo)