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Família com seis crianças sobrevive com R$ 280 por mês e doações da comunidade

26/10/17 às 13:49 - Escrito por Antonio Mendonça
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Uma família que reside nas margens da PR 483, no trecho conhecido como Bica D´Àgua, em Francisco Beltrão, encontra-se em extrema vulnerabilidade social. O pai está desempregado, cuida sozinho de seis crianças e a única fonte de renda é o Programa Bolsa Família, do Governo Federal, que repassa mensalmente R$ 280. Eles só não passam fome porque têm recebido ajuda da comunidade, principalmente de igrejas evangélicas, com a doação alimentos. 

Luís Carlos Rocha Vagner, 36 anos, trabalhava na construção civil, como pedreiro e pintor, mas teve de largar o emprego para cuidar exclusivamente dos filhos. A esposa dele foi embora há cerca de nove meses para Santa Catarina e ele só conseguiu a guarda definitiva das crianças há pouco mais de um mês.

"Quando ela saiu de casa, nós dois perdemos a guarda das crianças, que ficaram com meus pais. Mas como eles são bem idosos e têm problemas de saúde, voltaram comigo com acompanhamento da Vara da Infância e da Juventude. Há uns 40 dias a justiça me deu a guarda definitiva", conta Luís. A condição para ter os filhos de volta é não os deixar sozinhos. Essa é a razão pela qual ele não consegue sair para trabalhar.

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"Eu até comecei a trabalhar e deixei a menina mais velha (de 12 anos) cuidando dos pequenos, mas não deu uma semana o pessoal da Vara da Infância descobriu e tive que largar o emprego, senão perdia os filhos de novo." De acordo com Luís, os R$ 280 que recebe do Bolsa Família não são suficientes nem para pagar a conta de luz. "Estou com dois talões atrasados de novo", lamenta.

Luís diz que gostaria que os filhos ficassem em tempo integral na escola, mas não tem transporte escolar compatível com os horários e ele não tem como levá-los. As crianças estudam no Bairro Marrecas: Gisele, 12 anos, 5ºano; Felipe, 11 anos, 3º ano; as gêmeas Évelim e Andressa, 7 anos, no 2º ano; Jeniffer, 5 anos, 1º ano; e Thaís, 3 anos e 4 meses, na creche. Meio período estudam e meio período ficam em casa. Para estudar em tempo integral, teriam de ir à Escola Municipal Madre Boaventura, no Bairro São Miguel, mas o pai alega que não há transporte para levar e trazer as crianças. Ele tem um Fiat Tempra, que está com problemas mecânicos e não roda mais. 

 


Perigo para pegar o ônibus escolar
A família mora à beira da rodovia PR 483, uma das mais movimentadas da região, em que os veículos trafegam em alta velocidade. A pista não tem acostamento e para pegar o ônibus escolar no começo da tarde, as crianças caminham cerca de 100 metros por dentro da canaleta. Quando voltam, de tardinha, o ônibus para em torno de 200 metros acima da casa deles, as crianças precisam atravessar a rodovia e descer novamente por dentro da canaleta. O pai leva e busca os filhos, mas o perigo é notório em virtude do tráfego intenso e da proximidade com que os veículos passam dos pedestres. "Dia de chuva eu nem levo eles, porque não tem guarda-chuva que aguente a força do vento quando os caminhões passam", relata.

Casa da família em estado precário

Luís Carlos Rocha Vagner e os filhos moram numa casinha mista em estado precário. Luís não precisa pagar aluguel, pois o imóvel é cedido por um amigo, mas as condições estão muito aquém das consideradas ideais para se criar uma família. Quando chove, há goteiras por todo lado, principalmente em um dos quartos dos pequeninos. Todas as paredes têm frestas, por onde entram vento e chuva. E os pilares de sustentação estão cedendo. "Precisava pelo menos umas 15 folhas de Eternit para arrumar essas goteiras", comenta o pai.

A casa tem três camas. Duas de casal e uma de solteiro e a família se acomoda como pode. Máquina de lavar Luís ganhou recentemente, mas vaza bastante água. É ele quem lava toda a roupa das crianças. Eles têm TV, fogão, rádio, chuveiro quente e duas geladeiras, a maioria dos móveis recebida em doação. As geladeiras estavam bem abastecidas de frutas e leite na terça-feira, quando a reportagem do Jornal de Beltrão e da TV Beltrão visitou a família.

A água encanada é puxada de um poço com uma bomba até uma caixa e distribuída na casa. Luís diz que ele mesmo teria condições de fazer as reformas na pequena moradia, porém não tem dinheiro para o material.

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