Paraná

Nova reconstituição do acidente do caso Carli Filho é realizada

13 out 2017 às 10:37

O advogado Elias Mattar Assad, que representa a família Yared no caso que envolve ex-deputado Carli Filho, que provocou a morte de duas pessoas em 2009 ao dirigir bêbado e em alta velocidade, afirmou que a reconstituição, antecipada para quinta-feira (12), confirmou o resultado da perícia.

A afirmação foi postada nas redes sociais:

“Acabamos de tomar conhecimento que a perícia do processo civil, está coincidindo com a anterior perícia oficial elaborada pelo Instituto de Criminalística”, postou o advogado.

A reconstituição foi solicitada pela defesa do ex-deputado e teve participação da polícia, do Corpo de Bombeiros e das partes envolvidas.

A data da perícia foi alterada no processo e a família da vítima só recebeu o comunicado da alteração da data na quarta-feira (11).

O documento de resultado da perícia será anexado ao processo civil, que discute indenização à família responsabilização dos réus das esfera social e, de acordo com os advogados de defesa e acusação, não tem impacto na esfera criminal, ação movida pelo Ministério Público que pede a prisão de Carli Filho.  “A ação criminal já está em Brasília em série recursal e é muito difícil que o novo documento seja aceito pelos ministros”, afirmou o advogado Gustavo Scandelari, que defende o ex-deputado.

Procurada, a defesa de Carli na ação civil, representada por José Roberto, não comentou o assunto. “O escritório não está se manifestando sobre o caso, que está em sigilo decretado pelo juiz”, disse.

Em carta aberta, a deputada questionou o motivo da alteração da data. “De forma sorrateira, determinaram que a reconstituição seja feita no dia 12 de outubro, em pleno feriado nacional, e nos comunicaram apenas na véspera do momento. Um completo absurdo.”

De acordo com o advogado que representa a família Yared, André Portugal, a alteração da data não é uma implicação no processo. “A Setran comunicou a alteração justamente por ser feriado, já que houve bloqueio de ruas em dois períodos do dia, às 15h e às 20 horas. O que temos de grave é a realização da perícia, que não é necessária. É um ato irrelevante nesse processo porque a versão que os réus deram acaba confessando o crime”, explicou.

Ainda de acordo com Portugal a perícia já foi realizada para o processo criminal. “Nós temos um recurso alegando que a perícia é desnecessária. Não temos porque descrever aquilo que já foi feito. A resposta não pode ser diferente da outra perícia, é uma ciência exata que será utilizada pelo perito, nós já sabemos o resultado”, afirmou.

O advogado ainda esclarece que o objetivo da ação civil é a conscientização da população e responsabilização dos réus. “Não é financeiro, da indenização. Meus clientes deixaram claro que querem o caráter pedagógico e punitivo. Queremos a responsabilização ampla de todos aqueles que participaram direta ou indiretamente do acidente, por exemplo: o carro estava em nome de uma empresa e queremos que ela seja punida – era a dona da arma do crime. Buscamos o caráter pedagógico para que toda a sociedade entenda as consequências de misturar álcool e direção”, explicou.

O caso

Na madrugada de 7 de maio de 2009 o então deputado estadual, que estava embriagado de acordo com os exames médicos e dirigindo acima da velocidade permitida na via, causou um acidente de carro que matou Gilmar Rafael de Souza Yared e de Carlos Murilo de Almeida.

Carli Filho foi denunciado por duplo homicídio com dolo eventual, pelo entendimento do Ministério Público, ao dirigir embriagado (com 7,8 decigramas por litro de sangue) e em alta velocidade (a perícia indicou que seu carro estava a 163 km/h em uma via cuja velocidade máxima é de 60 km/h) o então deputado assumiu o risco de matar. A defesa sustenta a tese de crime de trânsito ou homicídio culposo.

Nesses oito anos, com recursos na justiça, a defesa de Carli Filho já conseguiu impedir duas vezes a realização do júri popular alegando que não houve um crime intencional.

Carta aberta de Chistiane Yared para a população – na íntegra

Oito anos depois da tragédia que tirou a vida de meu filho e do amigo dele, de forma inexplicável autoridades estatuais resolveram obrigar o perito constituído nos autos do processo a alterar a data da perícia que será determinante para o desfecho deste processo que assombra e machuca minha família há quase uma década.

De forma sorrateira, determinaram que a reconstituição seja feita neste dia 12 de outubro, em pleno feriado nacional, e nos comunicaram apenas na véspera do momento. Um completo absurdo.

O que pode estar por trás dessa manobra?

Querem culpar meu filho, adulteraram a imagem do posto de gasolina, sumiram com todas as imagens dos radares naquele dia.

A tragédia não aconteceu no cruzamento, meu filho já havia convertido a esquerda e foi atingido pelo Passat do então deputado estadual.

Caiu em cima!

Não colidiu na lateral.

Quero contar com amigos, jornalistas, familiares e todos que, assim como nossa família, estamos estarrecidos com a morosidade e as artimanhas para retardar o desfecho desse caso tão doloroso e que impede meu filho de descansar em paz.

Será neste dia 12 de outubro, às 15h, no local da tragédia: Rua Monsenhor Ivo Zanlorenzi, esquina com a Rua Paulo Gorski, Mossunguê – Curitiba (PR).

Que Deus nos abençoe!

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