Ainda hoje ouvi numa roda de conversa: Se as pessoas colocassem mais amor no trabalho e nas pessoas, as coisas seriam diferentes. Quantas vezes você já fez a mesma reflexão ou já ouviu em alguma roda de conversa ou leu em algum post?
E aprofundando ainda mais essa reflexão, na fala do Filósofo brasileiro, Clovis de Barros, onde ele diz que a maior lição de Jesus foi: Dedique-se ao outro. A nossa vida começa a valer a pena quando percebemos o quanto realmente vale a nossa existência.
Pesquisas científicas comprovam que a felicidade humana está ligada aos relacionamentos e a qualidade dessas relações, pois mesmo as pessoas que ainda não tem a experiência com a maternidade ou a paternidade, sentem e sabem que o amor e a dedicação ao outro esta acima de qualquer condição de realização humana, ou ainda irão descobrir.
SOMOS SERES RELACIONAIS
Somos seres em relação com o outro e é assim que descobrimos mais sobre nós mesmos, nos relacionando, ouvindo e modelando outros seres como nós. Vez ou outra esses modelos são distorcidos e se tornam disfuncionais devido às patologias ou até mesmo ao lado sombra que todo ser humano possui e que se expressa em larga escala em nossa sociedade. Invariavelmente, recebo pessoas dilaceradas emocionalmente, por obra de outro ser humano que sem qualquer escrúpulo a mutilou e digo mais, sem se dar conta disso.
Voltando ao filé mignon, podemos iniciar com algumas perguntas: O que faço para o outro e que me alegra profundamente? O que espero toda vez que abraço alguém e de olhos fechados? Aliás, qual foi a última vez que fechei meus olhos e abracei alguém? A questão não está em pensar no seu bem estar, na sua satisfação, embora o apelo social e a vida moderna diga pra você: Primeiro você e depois o outro, a magia está na interpretação dessa frase.
O QUE FICA DE VOCÊ NO OUTRO?
Queremos sempre alguma coisa do outro e precisamos suprir essa necessidade de nos sentirmos satisfeitos, porém, se você interpretar que toda vez que você doa algo, uma parte fica em você está tudo respondido. Ora, você deve lembrar quantas vezes abraçou ou foi abraçado por alguém e no fim do dia, após horas, quando chega em casa e vai trocar-se esta ali uma fragrância que não é sua e sim do outro e muito provável o outro perceberá a mesma coisa, o que houve? Deixamos uma marca nossa no outro e talvez nem tenhamos refletido sobre isso naqueles segundos de troca, estávamos mais preocupados com o que estávamos doando, muito provável. O mesmo ocorre quando expelimos raiva, dor, tristeza e rancor, um pouco sempre fica conosco e uma parte apenas vai com o outro. E ao final o que realmente aprendemos?
AINDA PODEMOS APRENDER!
A grande lição de minha vida, aprendi quando ao ver minha filha de apenas 3 anos no leito de uma UTI, eu poderia nunca mais tê-la em meus braços e que minha vida não faria nenhum sentido naquele momento.
Aprendi que o amor não está relacionado a minha vida e sim a vida do outro, pois naquele momento eu entendi que o que mais vale não é a minha vida e sim dar sentido a ela com a vida do outro. Basta que alguém que você ame profundamente caia doente ou sabermos que perderemos total e qualquer chance de tê-lo novamente, pois a morte iminente é algo que faz com que você preencha um cheque, limpe sua conta, venda seus bens, troque qualquer bem material pela outra vida humana.
Para que possamos trocar de lugar com o outro, para apenas mais alguns segundos, dias, meses, anos…de vida, para ver aquele sorriso, olhar nos olhos e poder ver a realização daquela pessoa e suas projeções futuras.
Naquele momento propus todas as trocas com todas vantagens possíveis para o outro, desde que valesse a vida dela e não a minha, e não por capricho para que eu me sentisse melhor e sim para que ela vivesse, apenas isso, naquele momento a minha vida era apenas uma moeda de troca e não mais o grande valor.
A partir desse momento, aprendi que o Amor é dedicar-se ao outro, aliás uma lição de caminhada, pois a minha vida é dar sentido a outras vidas todos os dias, porém agora torna-se mais forte e valioso o Amor pelo outro, sem dor, sem expectativa, sem satisfação do meu Eu e sim do outro.
ONDE FICOU O FILÉ MIGNON?
O verdadeiro filé mignon da vida esta em doar-se sem pretensão, é fazer valer a vida do outro, é levantar-se todos os dias da cama por um objetivo, seja ele, um sorriso, um abraço, uma palavra, um olhar, uma evolução de alguém ou apenas a contemplação da vida do outro em plenitude e não para mim, mas para o outro.
Obviamente que não irei poetizar aqui e negar que precisamos do dinheiro para a subsistência, porém, quero te convidar a interpretar pela ótica da essência da existência humana, o motivo pelo qual estamos todos aqui coexistindo e coabitando nesse planeta e pelo qual alguns prosperam e outros não.
Basicamente existimos para servir e sermos servidos, sim, o tempo todo marcamos e somos marcados pelo outro e nos tornamos preciosos a medida que vivenciamos mais experiências na vida e para saborear o filé mignon é necessário uma forma de relacionar-se com a realidade com a integridade moral que rege nossa existência, a Dedicação sem Pretensão ao outro.
DEVER DE CASA
Se eu pudesse sugerir qualquer coisa agora eu sugeriria: Preste atenção ao que você sente toda vez que vivencia experiências, no trabalho, nas relações de amizade, amorosas e fraternas e perceba o que deixa e o que fica com você e anote o que aprendeu com isso, e mesmo que seja algo que você não considere um bom sentimento, considere reavaliar.
O verdadeiro sentido de coexistirmos neste mundo é o fato de que somos eternizados por nossos comportamentos e evoluídos pelas emoções e pensamentos. Talvez e só talvez o que você deixou no outro tenha sido a sua única chance de viver melhor de fazer valer a pena, e nos ciclos da vida não será mais possível reconstruir ou quem sabe você pode começar agora a fazer uma revisão bem caprichada das marcas e as fragrâncias que tem deixado e que ainda poderá reformular e ressignificar as suas relações hoje, independente de crenças religiosas.
SIGNIFICANDO
O filé mignon da vida é a entrega, é permitir que o outro viva melhor do que se e você não existisse, e que o amor é mais valioso que qualquer conta bancária, volta ao mundo, mesa farta. A vida que realmente vale a pena é aquela vivida com sentido, com significado e dando significado a vida do outro.
Eu desejo profundamente que você possa sentir e ser tocado em algum momento da sua vida assim como eu vivo todos os dias, depositando na conta sentimental do outro o maior valor possível todos os dias, o amor e o sentido.
Todos podemos provar do filé mignon da vida, basta encontrar a sua missão e o significado de viver a vida em Amor e que o trabalho é dar sentido a vida das pessoas, pois são pessoas que dão sentido na sua existência e trazem resultados extraordinários para o mundo.
Kelly de Moraes
Psicóloga, Pedagoga, Gestora de Pessoas, Master e Business Coach. CEO Skale Desenvolvimento Humano