Você já parou para prestar atenção no fato de nossa sociedade adorar o sofrimento?
Os programas de TV que mais têm audiência são os que retratam as mazelas humanas. Policialescos com linguagem chula, assistencialismo barato, exploração de dramas humanos, escândalos... A tragédia atrai a atenção da massa expectadora.
Na religião, mais sofrimento. O nascimento de Cristo, no Natal, foi precedido por uma viagem longa, exaustiva, onde Maria, grávida de 9 meses, teve que viajar montada em um burro até Belém. E o parto do Filho de Deus ganha ares de dramaticidade por ter acontecido em um estábulo, ao lado de animais. Quanto sofrimento!!!!
E a morte de Jesus, então? Requintes de crueldade, o olhar da mãe impotente, os amigos em fuga, negando a relação com o condenado. Todos os cristãos sofrem juntos com o Filho de Deus.
Mas nem todos se lembram da Ressurreição. Boa notícia não dá Ibope.
CULTURA DO SOFRIMENTO
O culto ao sofrimento é uma questão cultural. Desde crianças aprendemos que, para conseguirmos algo na vida, temos que sofrer. Pais contam aos filhos as dificuldades quando crianças, adolescentes ou jovens. A mensagem subliminar é clara: “Se você não sofrer como eu sofri, não vai se dar bem na vida”.
Será?
Pensamento é só pensamento. Não é real. Mas desperta emoções reais. E o sentimento de culpa é uma emoção terrível. Ao permitirmos à nossa mente pensar que “só conseguirei sucesso através do sofrimento”, nos condicionamos a sofrer. E, inconscientemente, vamos buscar o sofrimento como uma pré-condição ao sucesso.
Pensamento é só pensamento.
Recentemente, uma cliente minha revelou, em uma sessão de Coaching, incômodo por estar aliviada, feliz e confiante após a separação do marido. Dizia ela: “Vejo outras mulheres sofrendo após a separação. O que há de errado comigo? Por que eu não sofro?”.
Qual o sentido disso? É preciso mesmo sofrer após a separação? Não é mais sensato encarar essa nova fase da vida com positividade e otimismo, pronta para construir a felicidade, independentemente do estado civil?
Outro cliente que viajaria em férias para o Recife comentou comigo: “Ah... a viagem é longa e lá é muito calor! Talvez eu sofra com os insetos”.
Ele não conseguia pensar no mar, na maravilhosa culinária, na alegria do povo pernambucano, no frevo, nas paisagens maravilhosas, nas companhias agradáveis e no período de descanso. Preferiu pensar nas coisas ruins e sofrer com antecedência.
CRENÇAS
Sofremos porque somos condicionados a isso. O sofrimento está enraizado em nós em forma de crenças. Por isso, quando encontramos jovens que querem ser felizes sem sofrimento, curtindo a jornada, de forma leve, os olhamos com desconfiança. E, geralmente, o julgamento é certo: “são inconsequentes”.
Será?
O sofrimento é fruto de pensamentos. E você, como gestor de si mesmo, pode selecionar melhor os pensamentos.
Eu decidi que, para alcançar o sucesso e a felicidade, não preciso sofrer. Eu escolhi focar no trabalho, no planejamento, no otimismo, na participação, no dar e receber, na gratidão pelas conquistas, no reconhecimento das falhas como um processo de aprendizado para acertar na próxima.
Eu escolhi olhar as coisas boas e deixar o sofrimento de lado.
Até porque o mundo é dual. Tudo tem dois lados. E você pode escolher tudo o que tem de bom em algo. Ou escolher o que tem de ruim naquela mesma coisa.
Sofrer é uma escolha.
O que você tem escolhido?