Dono da SAF Botafogo, John Textor virou argumento nas frequentes reclamações de dirigentes e jogadores contra a arbitragem no futebol brasileiro. O cartola alvinegro, inclusive, será julgado nesta segunda-feira (6), no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), por não ter cumprido determinação da corte de apresentar provas para provar a suposta manipulação de partidas que afirma ter ocorrido em 2022 e 2023.
O que aconteceu
Dirigentes e jogadores têm feito citações diretas e indiretas às acusações de John Textor nas rodadas recentes do Brasileirão.
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No fim de semana, aconteceu com Felipe Melo, zagueiro do Fluminense, e dois dirigentes do Flamengo, o vice de futebol Marcos Braz e o diretor Bruno Spindel.
O contexto no qual Textor é inserido nas falas é para sublinhar supostos erros dos árbitros, independentemente se há fundamento nas decisões do VAR ou não.
É como se jogadores, dirigentes e técnicos tivessem perdido ainda mais o "filtro" ao fazer ilações sobre a lisura do Brasileirão — embora no ano passado já tenha tido palmeirense falando que o "sistema" não queria que o time fosse campeão.
A menção a Textor ganhou volume após a presença do norte-americano na CPI da Manipulação de Jogos e Apostas, que tramita no Senado. A base das acusações é o comportamento dos jogadores em campo, avaliado em relatórios da empresa Good Game, que usa inteligência artificial.
Ao mesmo tempo, o cartola do Botafogo pode levar gancho pesado no julgamento desta segunda por não apresentar provas.
O que pode acontecer no STJD
Como John Textor não apresentou provas de manipulação ao STJD quando o tribunal pediu, pode ser punido com suspensão e multa.
Atualmente, ele já cumpre um gancho de 45 dias, mas por outro episódio, no qual acusou corrupção depois da virada do Palmeiras sobre o Botafogo, ano passado.
Textor será julgado na 1ª Comissão Disciplinar, com base nos artigos 220-A (deixar de colaborar com os órgãos da Justiça Desportiva) e 223 (deixar de cumprir decisão da Justiça Desportiva). Esses dispositivos estão no Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD).
Nos jogos citados por Textor, o beneficiado, supostamente, é sempre o Palmeiras. Textor ainda disse que jogadores do São Paulo agiram para manipular o jogo contra os palmeirenses.
Isso gerou contra-ataque da presidente do Palmeiras, Leila Pereira, e nota oficial do São Paulo.
No julgamento desta segunda, Textor pode ser punido com até 360 dias de suspensão, por exemplo, além de multa.
Associação de árbitros tenta se defender
A Associação Brasileira de Árbitros de Futebol (Abrafut) tem recorrido a notas oficiais e notícias de infração no STJD para tentar defender os árbitros das acusações.
Em um dos trechos, a Abrafut diz que vê "um cenário casa vez mais injusto contra a arbitragem". Ela acrescenta que "os árbitros estão sendo usados como nuvem de fumaça para cobrir a responsabilidade dos times pelos erros de seus jogadores. Na finalidade de colocá-los como vítimas, acusam e responsabilizam a arbitragem".
A Abrafut acrescentou que "vai ser impossível termos um futebol de qualidade tanto para os membros que trabalham nessa modalidade, quanto para os torcedores e espectadores se todas as insatisfações forem justificadas pela injusta desconfiança, descrença, suspeita e incredulidade em cima do trabalho da arbitragem".